Sobre o tempo da sede.

Sobre o tempo da sede.

Ah... como gostaria apenas de um copo d’agua, talvez minha felicidade dependa diretamente de um gole. Um gole? Como apenas um gole pode saciar tanta sede no meu corpo? Refiro-me a um gole de vida, a um gole de amor, a um gole de atitude, que, por mais simples que seja, possa aliviar a sede e a dor de muitos que querem apenas um lar, um abraço amigo ou somente um pai para chamar-lhes de “meu filho”. Somos tão pobre, que só temos apenas dinheiro. Gosto de citar esta frase, para exemplificar que, o que se quer, vai muito além do dinheiro, muito além dos bens materiais, muito além de um bom carro que nos leva a tantos lugares, e nos fás esquecer que pessoas pelo mundo estão se matando sem um motivo real, sem o menor apreço pela vida, sem mais nenhum respeito pelos os que lhe proporcionaram a vida. Quando assistimos pela televisão, as novelas ditando regras entre as pessoas e não paramos para observar que, quando nos esticamos em nossas poltronas, existem muitas pessoas que não podem se quer parar em algum lugar que são logo repreendidas pelos olhares de desprezo, pelo nosso próprio preconceito, pelo julgamento infundado que foi encravado durante séculos em nossas cabeças. Às vezes sinto a vontade de doar minhas coisas, porém, não tenho coragem, minha covardia é maior, talvez pelo o que não sentimos, talvez pelo conforto de ter mais do que preciso, ou mesmo pela soberba de dizer “estou farto”, com a comida sobrando, como posso me sentir saciado com tanta fome? Como posso me sentir farto, faltando tanto para aquele que está ali, bem do meu lado esperando umas migalhas, e que ainda nos glorificamos por ter doado um pedaço de pão ou um prato de sopa. Em algum lugar no passado ou talvez em outras vidas, se é que existem outras vidas, eu tenha aprendido que as coisas funcionam de forma muito igual: o rico é igual ao rico e o pobre é igual ao pobre, À fome é igual para todos, a hipocrisia é igual para todos, o prazer, o desejo, a dor, a morte sempre serão iguais. Falta-me compreender melhor como não tomar para mim a dor do meu irmão. O egoísmo a angustia, são sentimento muito parecidos. O meu lado egoísta fica totalmente angustiado ao perceber que não divido minha cama quente com mais ninguém a não ser com minha mulher. É amigo, a vontade de desfrutar do bom, e do melhor achando sempre que está pouco, que poderia ser muito mais e melhor, acreditando sinceramente que tudo está as mil maravilhas para todos, nos remete ou caos interior. Será que vamos evoluir e construir um ser humano melhor dentro de nós mesmos? Será que um dia vamos entender que, todos somos um só? Que toda existência humana não passa de uma colcha de retalhos que se faltar um pedaço, todo o resto pode se desfazer a qualquer hora? Gostaria de mergulhar no que acredito de forma mais profunda, mas, não fui preparado para isto, não sou santo nem tão pouco demônio, tento apenas trabalhar meus pensamentos para que um dia possa ser melhor do que sou ou do que já fui, quem sabe se um dia de tanto mentir para mim mesmo, consiga falar a verdade para o mundo e falar para mim mesmo que não sou mais só eu. Que eu agora sou vocês e vocês são uma obra de luz num mundo de intenso amor. Vou a partir de agora acreditar que palavras são sementes, que posso repeti-las até germinar. Quem sabe um dia possa fazer a coisa diferente, a coisa certa, largando toda falsidade que acredito ter e todo orgulho que pesa em minhas costas. Que meu templo seja apenas meu corpo, que meu corpo seja apenas a morada de um ser mais evoluído, não quero ser gigante, não quero ser o salvador, apenas construir uma linha de pensamento mais digno de um ser humano melhor, e acreditar que realmente estou fazendo a minha parte. M.C. Meira. 22/04/2013.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 20/05/2013
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