O Calundu

Estava aqui pensando numa forma de fazer uma homenagem para ela. Eu não gosto, mas muita gente, ao contrário de mim, gosta de comemorar seu aniversário. E a gente quando quer fazer alguma homenagem pensa apenas nas qualidades da pessoa a ser homenageada. Afinal é uma homenagem, não um esculacho. Mas isso feito por uma pessoa desajeitada para essas coisas como eu, deve sair uma droga. Ainda assim vou tentar.

Mas esses dias como ando cheio de dúvidas quanto ao que vou escrever e já que não quero fazer uma relação de temas para escolher então um como fiz em A Ética é a Ciência da Moral, resolvi fazer diferente e ser direto: vou falar do seu Calundu!

Uma pessoa que tem calundu não deixa em nada a outra à vontade nos momentos dos ataques. Não conheço uma só com quem se dê diferente. Todas sofrem quando são vitimas disso. Principalmente os maridos.

Resolvi então parar e analisar qual mal esse tal de calundu exerce em nossas vidas. - No quê que ele atrapalha os negócios, o laser, a convivência, o amor. Mas, como já é sabido por você que me lê, que não gosto de escrever sobre coisas que não alimente sua alma positivamente, vou dar uma paradinha aqui e vou aproveitar para anotar, já que estou no computador, algumas coisas para logo mais fazer uma oração por nós. – Afinal, cada um com sua mania, não é mesmo? Então, me permitam:

- Senhor, obrigado pai, pela vida que tens me permitido ter; obrigado por me ter dado essa mulher, senhor, que me tem cuidado. Que me banha; que me penteia; que me faz curativos; que me ajuda a ir ao banheiro e depois me beija; que olha se levo meus remédios quando saio; que ajuda a me carregar quando chego; que me vira na cama, por vezes, na madrugada; que não marca compromissos antes das onze porque tem que cuidar de mim pela manhã; que sofre quando adoeço; que sofre quando sofro; que aprendeu a dirigir para me conduzir quando eu não estivesse bem; que optou por estudar enfermagem, para saber mais como comigo lidar; que se preocupa comigo; que se anula por minha causa; que acredita e me tem confiança; que luta e briga por mim; que não olhou as minhas pernas inertes, nem o desequilíbrio do meu tronco, quando me aproximei...
-
- Obrigado meu Deus, pela companheira, pela guerreira, pela incansável criatura que me apresentaste para me acompanhar no meu agitado dia-a-dia.
- Obrigado, pai, pela mulher, alem de tudo, bela. Que pouco se importou com essa cadeira de rodas, com minhas orelhas de abano, nem com o meu nariz de panela.
- Me dá senhor, sentido de gratidão, sempre, para que eu lhe cubra de reconhecimento a cada instante.

- Desculpa! Esqueci que você estava aí. Depois eu anoto o restante. Viajei. Por um momento não lembrei que era só uma anotação. Pensei que já falava com Deus. Desculpa. Mil vezes desculpa.

Pois é, como vê, não levo jeito mesmo para homenagens. Acho que vou acordá-la ao amanhecer, com uma bela cesta de café da manhã. - E se amanhã ela tiver com o tal do calundu?! Ah... Se isso acontecer, vou fazer o de sempre: fechar a cara duas vezes a mais que a dela! Não, isso não dá. Já tinha esquecido que é o seu aniversário. - Que coisa complicada é fazer uma homenagem...!

Acho que vou deixar para o próximo ano. É isso. Vou deixar para o próximo ano. Desculpas a você, que ficou comigo durante a minha dúvida. Mas vou parar por aqui. Vou apenas acabar de anotar as palavras para minha oração, e no próximo aniversário dela, que Deus permita que você esteja aí para ler então a homenagem.

Com licença mais uma vez:

Senhor Deus, que nesse reconhecimento sobre o esforço dela, que te peço que me alimente, também esteja a vontade que eu deva sentir, sobre a dor que ela sente; que eu seja a cada momento, com a sua dor, complacente.

Peço-te ainda, senhor, que ponha no meu ventre um pouco do seu sofrer de cada mês, e que doa pra chuchu, para que eu entenda e aprenda, de uma vez por todas, que nunca houve, como sempre pensei, coisíssima alguma, com esse tal de calundu.


Obrigado minha filha. Essa foi a forma que encontrei para te dizer, e ao mundo, o quanto você é importante para mim.

Despir-me de orgulho e pudores, para dizer a todos o quanto você é especial, é o mínimo diante do que faz para que eu esteja sempre bem.

Eu até ia falar sobre as fronhas sempre perfumadas, que você sabe que eu gosto e que sempre estão lá quando vamos dormir; ia também falar do seu cuidado com a almofadinha que põe no meu joelho para que a cadeira não o fira; ia falar sobre as vezes que vem, durante o dia, ver se meus pés incharam ou não, e que você vibra quando vê que não; ia falar também um pouco sobre você não sair de perto de mim quando estou comendo algo, mesmo estando atarefada com as coisas, só por medo de eu me engasgar; ia falar sobre o seu pavor quando eu bato na cama, que é o sinal de que alguma coisa não está bem comigo; ia inclusive dizer umas palavrinhas do quanto me implorou, e por meses, para que te permitisse pôr uma tatuagem com o meu nome nas costas; ia até dar uma discorrida sobre o que disse o nosso amigo Geraldo Magela, a respeito do quão Deus é bom comigo, que além de uma mulher como é, me deu uma formosa e bela; ia comentar no tanto de noites mal dormidas que teve, quando eu varava as madrugadas com o web-design, on-line, para elaborar o Camaçari Fatos e Fotos; também pensei em falar de como está tentando um tratamento para engravidar e o tanto que pede a Deus, e que, conseguindo, o bebê venha com a minha índole, pois ''só admira o bem quem é do bem".

Na verdade, minha querida, eu ia falar sobre tanta coisa que te determina uma mulher mesmo especial, mas acho que não vai ser preciso. Que já deu para que não só você, mas o mundo inteiro saiba o quanto te acho uma mulher FANTÁSTICA.

Parabéns pelo seu aniversário, Mônica, meu amor, meu presente de Deus.
Antonio Franco Nogueira
Enviado por Antonio Franco Nogueira em 30/05/2013
Reeditado em 09/03/2016
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