AVENTURAS AMOROSAS

Quando eu tinha 12 anos as garotas não demonstravam nenhum interesse por mim. Eu achava que era feio. Aos 14 eu não achava mais, tinha certeza. Nem as feinhas queriam papo comigo.

Queria ter 16, como meu irmão, que devia ser mais bonito que eu, pois tinha várias meninas interessadas por ele.

Até que cheguei aos 17. Demorou um bocado. As coisas mudaram, tinha muitas garotas na minha cola e aí eu me achava o máximo.

Então fiz 19 anos. “As mina piravam” quando me viam. Na moral, nessa época me achava bonito pacas.

Opa! 22 anos. Tinha várias garotas para escolher com qual sair, mas quer saber? Aquela que mais admirava era dura na queda. Com ela por perto eu ficava tímido, não sabia o que falar. Gostaria tanto de ter coragem suficiente para contar o que sentia por ela.

Até que encontrei a garota dos meus sonhos conversando com outro rapaz. Doeu tanto o meu coração. Perdi as esperanças. O mundo não valia mais nada para mim. Viver para que? Eu tinha certeza de que ela era a única mulher que me despertaria o sentimento do amor. Nunca mais iriai amar outra pessoa.

Passaram-se alguns poucos dias e nem conto para vocês: encontrei uma mina super legal, bonita e inteligente. E ao contrário daquela que eu pensava que amava tanto, esta era simpática. Namoramos por uns dois meses. Era caso sério, namoro para casar. Estava com 24 anos. Quando fizesse 27 queria levá-la ao altar e ela seria meu amor eterno, teríamos três filhos e uma bela casa.

Sabe, acabei enjoando daquela garota. Acho que eu era meio volúvel. De repente, comecei a achar ela sem graça. Nem era tão bonita assim. Precisava arrumar outra namorada. Logo queria casar.

Cheguei aos 30. A vida era muito boa. Pensei melhor. Casar? Para que? Vivia tão bem na casa de meus pais. Minha mãe estava sempre me esperando com um prato feito e com meu bolo preferido.

Gente, vocês não acreditam como chovia mulher em minha horta. Aos 37 anos teria quantas quisesse. Jamais vou me casar, pensava.

Amigos, quando cheguei aos 40 virei homem sério. Casei. Eu sei, foi assim de repente. Acontece que conheci a mulher de minha vida. Era perfeita. Tinha tudo que um homem desejava numa mulher. E ainda por cima era bonita. Realmente, eu era um homem de sorte.

Madurão, aos 50 anos, tinha três filhos. A vida de casado era um saco. Muitas obrigações e nenhum direito. A rabugenta da minha mulher só sabia me cobrar o tempo todo. Além de tudo não se cuidava; estava com sobrepeso e dizia que eu também era gordo, mas homem é homem, não precisa se cuidar.

Ufa! Finalmente fiquei livre. Nem acreditava. Com meus 60 anos iria aproveitar a vida, arrumar uma gatinha bonita, novinha, gostosinha.

Gente... Vocês nem vão acreditar. O sessentão estava por cima. Arrumei uma garota de 30 anos, trintinha, bonita e cheia de vida. Passeávamos muito. Ela adorava viajar, acampar, ir à praia, shopping, cinema. Eu me divertia muito. Minha vida se transformou. Parecia que eu tinha também 30 anos. Saíamos à noite e só voltávamos pela manhã para nossa casa. Eu até havia me esquecido como a vida noturna era deliciosa.

Céus! De repente eu não aguentava mais. Precisava descansar. A coluna doía, tinha calos nos pés, não suportava o barulho das baladas. Achava que ela tinha esquecido que eu que já tinha 63 anos. Eu não aguentava mais de sair de madrugada, tinha sono e ela me chamava de calopsita, aquele pássaro bonitinho que vai dormir as 5 da tarde. Odiava ir ao shopping. Acampar? Credo, que gosto. Dar de mamar para os mosquitos e pernilongos, isto sim. Já havia gastado todas minhas economias em viagens.

Graças a Deus fiquei livre daquela pilantrinha. Além de tudo entrou na justiça para pedir pensão. Não queria sair do sobrado onde morávamos. Tive que voltar para a casa de minha velha mãe.

Ah! Eu sabia. A sorte estava de volta, pensei, quando arrumei uma senhora de 60 anos para viver comigo. Nada mais de aventuras. Mulher madura é que valia a pena. Sabia cozinhar e cuidar da casa. Fui morar na casa dela. Nem despesas tinha.

Vejam como é a vida. Aos 70 anos fiquei sozinho de novo. Aquela velha assanhada me tocou da casa dela. Disse que eu era um sanguessuga sem caráter. E ainda por cima me chamou de brocha. Tudo menos má fama. Mulher como ela tinha em pencas. Era só querer. Na próxima iria escolher melhor.

Agora estou com 80 anos, mas em plena forma. Santo Deus! O que é que eu fiz para estar tão abandonado? Não tenho família, não tenho casa. Meus filhos colocaram-me numa casa de idosos. Hum! Quer saber? Estou adorando. Tem uma velhinha aqui que é um doce de pessoa. Ajeitadinha e ainda meio bonita. Varizes? Estrias? Rugas? E daí? Isto são detalhes. Sem contar a enfermeira aqui do lar que é bonitona e gostosa. Será que tenho chance? Estou na dúvida com qual que fico. Se uma não souber da outra, quem sabe fico com as duas.

CLEOMAR GASPAR
Enviado por CLEOMAR GASPAR em 01/06/2013
Reeditado em 08/06/2013
Código do texto: T4320275
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