* Em 1985, cursando a oitava série do Ensino Fundamental, eu gostava de debater as perguntas de Ciências, Geografia e História com um grupo de colegas.
As professoras ofereciam questionários contendo cerca de trinta ou quarenta questões.
Elas informavam que algumas perguntas cairiam na prova.
 
Decorar as respostas talvez não fosse o melhor método de aprendizado, porém nós adorávamos fazer isso.
Era legal demais!
 
Ficávamos testando as respostas antes da prova e, após a avaliação, a gente comentava “Você viu? Caiu essa, ela perguntou aquela...”.
 
Depois de ter as provas devolvidas, a gente ficava debatendo o que cada um acertou, o que errou.
Era divertido pra caramba!
 
* Em 1994, cursando Letras, obviamente que as provas eram outras.
 
Não havia mais os questionários de 1985, mas eu sentia falta da discussão de outrora sobre os assuntos das provas.
 
Frustrado, depois de ter a prova devolvida, eu notava que ninguém queria debater nada.
Meus novos colegas guardavam as provas, silenciavam os comentários, nenhum entusiasmo expressavam independente da nota obtida.
 
Algumas vezes vi estupefato colegas rasgando as provas.
 
Enorme era a minha tristeza não percebendo aquela discussão gostosa sobre o que caiu, sobre os acertos, sobre os equívocos cometidos.
 
Ninguém queria saber disso.
Era a pressa.
Todos cresceram.
Parece que, quando crescemos, não podemos conversar.
Precisamos correr sem parar.
 
* Imagino que os colegas de 1985, caso estivessem comigo em 1994, também não demonstrassem mais a empolgação do passado.

Eles evitariam os diálogos e debates animados os quais já não seriam animados. Certamente achariam bobos.
 
Eles também estariam crescidos e apressados.
 
Que pena!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 07/06/2013
Reeditado em 07/06/2013
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