O DEUS NOSSO DE CADA DIA

O DEUS NOSSO DE CADA DIA

O homem sempre teve a necessidade de se apoiar em alguma força superior, para vencer seus momentos de fraqueza, homenagear suas vitórias ou idolatrar a beleza, a força e a luminosidade do que lhe transmite, admiração, segurança e poder. Assim surgiram os mais variados deuses, cujas faces, nomes e forma de senti-los, foram sofrendo alterações correspondentes à evolução da espécie humana.

A filosofia, através de grandes pensadores, deu-lhe o conhecimento do sentir a si mesmo, em sua forma de agir e captar o contexto do seu meio. A ciência, por sua vez, através de pesquisas, trouxe-lhe o conhecimento de como age e reage sua composição física. Com a mente e o corpo, assim alimentados, o homem adquiriu mais crença em sua própria força física e mental.

Esse desenvolver que nos parece nascer em berço esplêndido, deixa, porém, despida a fragilidade existencial. Muitas são as pessoas, cuja tendência é acreditar apenas em sua própria força mental, porém, no momento em que se sentem descompensadas, recorrem a um Deus, ao qual nem sabem definir, mas que acham estar sempre à disposição delas. Costumam qualificar a si próprios de Ateus ou agnósticos.

Por outro lado, há criaturas que, acreditando ser o demônio uma força maior que qualquer outra existente, utilizam-se dela para fazer toda espécie de mal, inclusive vendendo-lhes a alma, em troca de favores. São criaturas destituídas de qualquer caráter moral, ético e cívico.

Vale lembrar que, nas voltas em que já deu o mundo, a fé tem sua história relevante e já nos contou de verdadeiros milagres, operados através de seu impulso consciente no acreditar, sem qualquer receio ou dúvida. No entanto, o que podemos ver, é que esse tipo de fé está em extinção, sendo substituído por uma crença enfraquecida, que tem levado milhares de pessoas a procurarem seitas, templos e igrejas, que lhes ofereçam soluções e curas para a diversidade de seus males.

Podemos, ainda, observar nos dias de hoje, uma espécie de competição reinante entre as crenças, cultos e religiões, em busca de rebanhar pessoas carentes de uma fé verdadeira. Quantias, muitas das vezes vultosas, são desembolsadas em troca de milagres. O que antes era oferecido de forma gratuita, em nome da caridade e do amor universal, agora é vendido em vários locais, sem levar em consideração a situação financeira de quem busca ajuda. A fé tornou-se um negócio rentável, uma fonte de riqueza para representantes inescrupulosos que, de graça, só oferecem mesmo a discriminação e humilhação aos que mais necessitam de apoio.

Colhemos os frutos de um mundo adubado com valores envenenados e deteriorados pelo egoísmo e ambição. O alicerce familiar, que poderia ter construído um viver sadio, foi destruído pelos encantos sociais e materialistas, que transformaram em um caos, a comunicação e o respeito no seio da família. Não se fala mais a mesma língua nos lares, e nem há preocupação em traduzi-las para unificá-las.

O homem perdeu-se dentro de si mesmo. Corre o dia todo, sem saber qual seu destino. Vive sem parâmetros, dentro de uma competição acirrada. Sua mente já não suporta o volume e a velocidade de informações recebidas e abre espaço para o stress e as doenças. Ao final de suas batalhas diárias, os pais não encontram mais em seus lares, o ambiente acolhedor que lhes motivaria a prosseguir na luta por um lugar ao sol. Suas camas são vazias de amor e repletas de cansaço. Seus travesseiros, parecem ser recheados de espinhos, que lhes ativam a insônia e ligam a tomada de seus pensamentos incessantes.

Não há mais tempo para o agradecimento e o elogio, que confortam e estimulam. O caminho entre a fé e o interior de cada ser humano, ficou tão pequenino, que já nem lhe permite vê-lo. Seu tempo, tão curto para coisas essenciais, surge rápido para comprar a fé perdida, sem medir distâncias e horários, como se os templos, centros e igrejas, fossem a única salvação, para atingir as sonhadas realizações e as curas do mundo doente em que vive.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 10/06/2013
Código do texto: T4334288
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