AINDA RESTA A ESPERANÇA

AINDA RESTA A ESPERANÇA

Gerações que nos precederam, tiveram o privilégio de enxergar a vida, sob lentes coloridas.

- Saía-se de casa, com a certeza de poder em segurança, dormir tranqüilamente e acordar de bem com a vida;

- Contava-se com o apoio de sociedades valorosas, que serviam de apoio, no desenvolvimento e equilíbrio das proles;

- Havia tempo para diálogo e aconchego domésticos, e a criatividade era ativada pela ausência de tecnologias, que entregam tudo prontinho nas mãos;

- A amizade era um sentimento espontâneo, cultuada através da lealdade e do prazer da convivência;

- Virtudes femininas, eram consideradas como algo precioso e essencial;

- A medicina se fazia representar por médicos dedicados, que tomavam para si mesmos, o tratamento de todas as doenças, acompanhando de perto, as características e meios familiares,

- Sentimentos como o egoísmo e a ambição, tinham seus limites no direito do próximo.

Perante todos esses valores, que se foram diluindo com o tempo, fica-nos a constante interrogação: quando, como e onde se perderam esses vetores?

Se pensarmos que a educação principia nos lares e, acompanharmos a fragilização dos cuidados maternais da mulher atual, usurpados de suas crianças, pela necessidade de contribuição no sustento da família ou, por auto-afirmação. própria;

Se considerarmos o desleixo dos governantes com os problemas sociais; o rápido progresso da tecnologia e seu efeito devassador no consumismo; a corrupção gerada pela ambição ao poder e, tantos outros desvios, nos quais o homem se deixou envolver - poderemos chegar às respostas que tentamos obter.

O mal social, porém, já se estabeleceu. Os estragos já foram feitos. A grande maioria das pessoas, já adquiriu seqüelas diante dos problemas existenciais. Tornaram-se tensas e amargas, nos os acidentes da vida. O stress profissional e o medo, foram pouco a pouco, depositando-se em seus arquivos inconscientes, gerando alta carga emocional. Passamos a gravitar em torno de constantes problemas.

Somos plural num planeta devastado, cujo fim já se apregoa, através de fenômenos da natureza e decadência crescente dos valores morais. Fomos transformados em seres errantes, perdidos dentro de si mesmos, pisando em lama, mas lustrando a superfície dos sapatos. Permitimos que a internet invadisse nossa privacidade e, com ela, aprendêssemos a fazer amigos sem identidades e a buscar amores sem faces. Nossos jovens perderam o interesse pela leitura e dedicam a maior parte do tempo, ao computador e à televisão, ganhando excesso de peso, amortecendo o raciocínio e o desenvolvimento intelectual.

O que nos resta então, após essa extensa análise? Permitir que a esperança reforce nossos ânimos. Não devemos esquecer, de que somos influenciados pelo meio em que vivemos. Se cruzarmos nossos braços, seremos contaminados por esse meio. Não podemos fechar nossos olhos para a possibilidade de mudanças, mesmo que gradativas, porque a vida não é estática e existem cabeças portadoras de ideais louváveis, lutando contra a degradação e o poder das facilidades geradoras de lavagens cerebrais.

Torna-se evidente, a justificativa de que, sendo essas ilustres cabeças uma minoria e, como tal, não haverem conseguido arrebanhar forças para as transformações necessárias, por que vislumbrar tons coloridos, no fundo de um poço escuro? Simplesmente porque as calamidades e os escândalos já nos conduziram a esse limite e tudo nos faz crer em forças, até o momento por nós desconhecidas, cujo poder nos farão retornar à superfície desse mar de descrenças.

Será um processo gradativo, em que a reflexão que nos faltou antes, se fará bem presente, tornando-nos capacitados a caminhar de mãos dadas, ao encontro de um novo mundo. Nele, a esperança não será algo abstrato a nos consolar, mas um estímulo concreto e comum a todos.

Até alcançarmos esse limiar de raciocínio, muitas pedras ainda teremos que desviar de nossos caminhos, muitas encruzilhadas surgirão, para que não encontremos nosso verdadeiro destino. Caberá a cada um de nós, buscar em seu próprio interior, a bússola capaz de nos conduzir até ele.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 13/06/2013
Código do texto: T4339521
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