Peraí, gente.

Não vou às manifestações MESMO.

Sinceramente não dá. Ser Maria-vai-com-as-outras não é o meu tipo.

Coisa boa é se manifestar, dizer o que pensa. Duras foram as lutas para que chegássemos a isso. Muitos morreram pelo desejo de viver num país justo. Outros quase. Muitíssimos ficaram com sequelas infinitas no corpo e na alma.

Lutou-se por oxigênio como nunca no Brasil anos atrás. Foi difícil demais. E como!

Então uma parte imensa da sociedade resolveu sair às ruas em todo o país. “Vamos protestar. Vamos gritar a plenos pulmões contra a corrupção, contra a PEC 37, pelo passe livre, por mais segurança”.

Muito bem.

Algumas reflexões essa mortal gostaria de fazer, já que existe liberdade de opinião e eu também lutei para que a mesma existisse.

A palavra Corrupção vem do latim “ corruptus”, que significa quebrado em pedaços. O verbo corromper significa “tornar pútrido”.

A mim me parece que as pessoas, na sua maioria, não se tornam podres assim que assumem altos cargos ou quase lá. Devagar, mas bem devagar mesmo, a pessoa pode ir se deixando apodrecer. É opcional, sem dúvida. Isso quando resolve fazer que algumas atitudes tenham importância menor num grande cenário.

Por exemplo, aqueles pais que fingem não saber que o filho está mentindo, que cola na prova e se apodera do conhecimento do outro e tenta fazer o professor de palhaço, que leva prá casa uma caneta que “estava perdida” na sala de aula... mas ele sabe que a caneta é do amiguinho do lado... e ainda costuma dizer ”achado não é roubado”... devagarzinho começa a apodrecer a alma.

E depois cresce, resolve experimentar um baseado. Afinal, todo mundo experimenta... Lá vai o Maria-vai-com-as-outras arrumando justificativas vãs para a própria falta de objetivos.

“Tem problema não. É só em festas. Só de vez em quando...” Mas o sujeito não sabe ou finge não saber que essa atitude sustenta o tráfico... e depois lá vem o sujeito pedindo segurança, que a violência está insuportável e etc e tal.

Do outro lado da rua vem o motorista imprudente, sem cinto, passando sinal vermelho. Ou o motoqueiro ousando dirigir deitado literalmente sobre o seu veículo... vai se dar mal. Mas lá no hospital público ele vai reclamar que faltam médicos. E nem percebe que ele não precisaria de um hospital caso tivesse responsabilidade.

A escola pública... sim, aquela com vidros e carteiras quebradas... as carteiras rabiscadas... sei, sei. Confesso que nunca vi professor ou funcionário fazendo isso. E muito menos jogando chicletes no chão, fazendo daquela gosma uma mancha que depois não desaparece.

Lá vem a crítica – “o aluno quer se manifestar porque o ensino não tem qualidade”. Então que se manifeste ajudando a ser melhor e não degradando ainda mais esse cenário que realmente está longe de ser favorável.

A cidade está um caos? Por que você faz pichações? Joga papel no chão? Nem sempre recicla lixo... ah, mas no meu bairro não passa o caminhão de coleta seletiva. Peça, faça um documento para a prefeitura. Um abaixo-assinado com a sua vizinhança...

Não adianta: aquele que está no poder veio desse tecido social, do jeitinho, do deixa prá lá. A pessoa se cria nesse tipo de sociedade que não consegue ver no outro o seu igual. Não consegue perceber que todo ato tem consequência e que as coisas não são sempre tão engraçadas assim.

Quem está no poder não veio de outro planeta. Ninguém pode começar a falar como se eles não compreendessem – alô alô, marciano, aqui quem fala é da Terra...

O meu filho não foi às ruas com um cartaz escrito JUSTIÇA.

Eu me lembro- ele tinha 6 anos de idade. Apenas isso.

A família do zelador do prédio estava em maus lençóis. A mãe internada e os filhos pequenos em casa.

Eu fazia um pão recheado com calabresa para nós.

De repente, eu chamei o meu pequeno e disse.

- “Se eu fizer um pão para a família do zelador você leva”?

- “Levo”.

Com muita pressa, pois eu ainda ia sair para trabalhar, fui amassando um pão para eles.

O meu pequeno olhou e perguntou:

- “Por que o pão prá eles está sem recheio?”

“- Filho, estou com muita pressa. Só mesmo se você cortar a calabresa”.

Rapidinho ele pegou a faca e realizou a tarefa de ser justo... simplesmente enxergando no outro o seu igual...

É necessário se reconstruir o Brasil, remodelar projetos, buscar sempre mais e que a sociedade se repense, faça uma profunda autocrítica e comece a se respeitar para que a vida política seja o retrato de um povo que conhece o seu potencial , cobra direitos... e assume deveres.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 25/06/2013
Reeditado em 26/06/2013
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