SOMOS OU NÃO SOMOS?

SOMOS OU NÃO SOMOS?

Tem muita gente por aí, confundindo personalidade com falta de educação e respeito, assim como, tem muita gente boa, querendo endurecer o coração. O que estará acontecendo? Será que nossas cabeças estão mesmo sendo influenciadas pela mudança dos tempos?

A todo instante, podemos presenciar alterações no ser humano. São atos e fatos que nos chocam e entram em contradição com tudo que acreditamos. Nesse espasmo de mutações, sentimentos são retorcidos, produzindo um incontável marasmo de pensamentos desencontrados.

O que pode gerar uma mente exausta e desequilibrada? Somente conflitos interiores e doenças! Sem motivação, não existem objetivos. Sem rumo definido, os caminhos ficam repletos de atalhos e passamos a caminhar em zigue-zague, perdidos dentro de nós mesmos. Emoções devastadoras retorcem nossos neuropeptídios, impedindo o trabalho das sinapses no cérebro.

Nesse horizonte sem extensão, temos uma tendência de nos transformar em covardes para assumirmos nossa individualidade e, envergonhados para externar nosso desequilíbrio. Coragem, porém, não nos falta, para utilizarmos máscaras que nos permitam a metamorfose exigida para cada oportunidade surgida.

Foi-se o tempo em que as aparências davam espaço para uma aproximação segura. Essa é uma realidade comprovada pelas lentes focadas no cotidiano de nossos dias, a exemplo de um fato recente, acontecido em um supermercado.

Uma senhora idosa estava na fila de carne e tinha ao seu lado um rapaz de muito boa aparência. Há quase meia hora, ela aguardava para ser atendida por dois funcionários do açougue, que estavam a conversar entre si, enquanto cortavam um grande pedaço de carne, não solicitada por ninguém da fila.

Sentindo-se cansada, aquela senhora comentou sobre o mau atendimento do local. Imediatamente, o rapaz ao seu lado, que lhe despertara uma boa impressão, passou a agredi-la com palavras. Falou que não estava disposto a ouvir lamentações e que ela fosse se queixar ao gerente. Espantada com a atitude dele, tentou falar alguma coisa, mas foi impedida por ele que, aos gritos no ouvido dela, falou que fila de banco é o local ideal para velho que precisa puxar conversa fiada.

As pessoas que se encontravam por perto gostaram de ouvir a resposta da idosa para aquele rapaz mal educado e desrespeitoso. Com voz trêmula pelo susto, ela falou: “meu jovem, a senhora sua mãe deve sentir muito orgulho de ter um filho como você!” Ouviu-se, então, o grito: “vá pro inferno, velha rabugenta”, seguido da gargalhada do belo rapaz, que saiu do supermercado, sem fazer nenhuma compra.

Pessoas tentaram levar consolo para a idosa e foram surpreendidos com sua calma, ao lhes pedir que não levassem a mal o pobre rapaz, pois ele não estava em um bom dia.

Através desse fato, podemos comprovar a grande diferença existente entre as duas gerações ali confrontadas. Uma, provavelmente, usando a máscara da agressão, para se projetar de alguma forma e preencher sua carência ou rejeição. A outra, autêntica em sua antiga formação de caráter, demonstrou uma compreensão, raramente encontrada na atualidade. Concluímos que um dos grandes problemas que temos é deixar transparecer o que realmente somos e sentimos.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 07/07/2013
Código do texto: T4375979
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