INTOLERÂNCIA MÁXIMA

INTOLERÂNCIA MÁXIMA

Quando pensamos já estar acostumados aos atos de violência que grassam nossos cotidianos, vem mais uma notícia estarrecedora para nos mostrar o contrário.

Que espécie de problema teria aquele senhor para matar um casal de vizinhos e logo depois cometer suicídio, apenas pelo barulho que faziam? Certamente foi a gota d’água que faltava para encher seu copo de estresse, cuja medida limite, foi preenchida aos poucos, com frustrações e dificuldades mal administradas pelas emoções.

Ao nascermos, portamos certas tendências e dons em nossos genes, que serão ou não influenciados e desenvolvidos, conforme o meio em que vivermos. Nada, porém, que justifique atos como esse.

Desde os princípios dos tempos, atrocidades foram cometidas em nome da religião, do entretenimento, luxúria, poder e loucura, entre outras mais motivações. O que não podemos desconsiderar é a capacidade do homem atual, de suportar o que lhe causa incômodos e sofrimentos. Vivemos com nossas emoções à flor da pele, armados por constantes conflitos interiores, que explodem até por pequeninos fatos.

A que e a quem atribuir tamanho descontrole? Atrevemo-nos a dizer, que a resposta reside nesse contexto de ausências que vivenciamos, repassado por falhas sociais, políticas e familiares. Assemelhamo-nos a uma gleba, onde as sementes do bem, germinam enfraquecidas por ervas daninhas. Se não soubermos, ou tivermos condições para evitar as facilidades e tentações do mal, ele vai aproveitar-se de nossas fraquezas e, de alguma forma, destruir nossas vidas.

A ciência avança cada vez mais no estudo do cérebro e na forma como as emoções nele se processam. Vários ramos da medicina já demonstram a necessidade de não separar os males físicos dos mentais. Como já afirmava Juvenal, o sábio poeta romano: “mens sana in corpore sano”. Uma mente sã, gera um corpo saudável, cujo equilíbrio emocional é capaz de reconhecer e evitar o momento em que, seu limite, coloca a bala na agulha.

Infelizmente, foram necessários que os problemas mentais adoecessem o mundo e acordassem a ciência para um horizonte mais amplo, onde o termo “loucura” deixasse de ser o depositório dos distúrbios mentais e, consequentemente, conduzissem à exclusão social e confinamento em hospícios.

É lastimável, porém, entender-se que, apesar de todo o avanço atingido, os problemas mentais persistem e, o que é mais grave, fiquem aprisionados, em sua grande maioria, no próprio interior das pessoas por eles atingidas, seja por não reconhecerem a necessidade de tratamento; seja por não terem acesso a ele, ou ainda, por ignorarem os sintomas do próprio mal.

Já se fala na criação de uma lei que permita levar dependentes químicos e com problemas mentais para serem tratados, independentemente de permissões. Será um grande passo dado na escalada de uma sociedade menos violenta. Esse êxito vai depender muito de ações governamentais e da conscientização familiar.

De quase nada adianta, recolher armas, multiplicar policiamento e superlotar cárceres, se não houver a boa vontade das classes responsáveis em minimizar os dilemas sociais.

Que resultado se tem obtido, com a formação de profissionais, que valorizam os problemas metabólicos e minimizam a formação da personalidade? Qual o valor dado à perspectiva existencial que reduz a complexidade da mente humana?

Somos servos de nossa memória, porque o registro de experiências é automático, inconsciente e involuntário. As escolas e universidades, deveriam ensinar como nos proteger de emoções negativas e de que forma penetrarmos em nossas frustrações e reeditá-las como êxitos. Teríamos, assim, o maior dos seguros feitos, durante nossa existência – “os códigos certos para abrir o cofre de nossa mente”.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 07/07/2013
Código do texto: T4376014
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.