O LOBO A OVELHA E A COUVE

“... O bom condutor não é aquele que sabe passar por uma estrada ruim, mas o que não entra numa estrada ruim...”

Para quem vive hoje na sociedade de consumo é quase impossível dar valor aos instrumentos pedagógicos que se utilizavam no passado, principalmente no meio rural. Os instrumentos não eram utilizados com o objetivo de EDUCAR. As crianças é que se educavam acompanhado o comportamento adulto. Aquilo que os adultos eram, as crianças viriam a ser. Um desses instrumentos eram as “conversas do eito”. Os adultos quase sempre trabalhavam em grupo. Ora numeroso, 10 ou 15, ora poucos 4 ou 5. Se era roçada, o eito era balanceado. Quer dizer, cada um trabalhava até cruzar com o parceiro. Se era capina, então era por rua. Cada um na sua. Cada trabalhador tinha seu espaço. O que na verdade ultrapassava os limites eram as conversas, os causos, as charadas, as pegadinhas, enfim as notícias... Ali praticava-se a democratização do conhecimento e das ideias. De cabeça em cabeça de toco, as crianças (não muitas), formavam a plateia. Era assim que adquiriam o conhecimento e aprendiam a pensar... Quem não tinha um bom dom da palavra tinha a sabedoria do saber ouvir... Naturalmente era tudo orquestrado.

Um desses “Causos” era de um roceiro que tinha um Lobo como animal de estimação e precisava levar para o comércio (Vila), um “braçado” de Couve e uma Ovelha. A travessia do rio era feita numa pequena embarcação (canoa) onde só cabiam duas unidades: o piloto e mais uma. Aí é que morava o problema. Se levasse primeiro a Couve, deixaria a Ovelha que seria devorada pelo Lobo. Se levasse o Lobo, a Couve seria devorada pela Ovelha... O que fazer??? (Aqui deixo um espaço para que se reflita sobre as afirmações dos mais velhos que costumam dizer:" Antigamente, apesar de todas as dificuldades, a EDUCAÇÃO era de melhor qualidade". Uns afirmam que tudo tinha melhor aproveitamento porque o Professor podia “castigar” o aluno e por isso era mais respeitado... Outros dizem que o professor tinha boa remuneração( quando???), valorizava a profissão e portanto rendia mais. Existem ainda os que dizem que hoje “não se sabe o que deve saber” e daí a confusão generalizada... E a discussão continua... )

Voltemos ao eito onde começa a disputa pela solução do problema criado sob a expectativa das crianças e dos demais adultos. Então depois de muito pensar, um Senhor, nem velho e nem novo, apresenta a solução: Primeiro o roceiro leva a Ovelha e deixa o Lobo com a Couve (sem nenhum risco). Deixa a Ovelha e volta para buscar o Lobo. Deixa o Lobo e leva de volta a Ovelha. Deixa a Ovelha e leva a Couve. Deixa a Couve (com o Lobo, sem nenhum risco) e volta para buscar a Ovelha. A travessia estava consumada... E o problema estava resolvido...

Qualquer Pedagogo, especialista em avaliação de Aproveitamento Educacional poderia ler no sorriso das crianças, o resultado positivo do processo. Será que com ajuda de tantos pensadores e de tanta tecnologia estamos caminhando na direção correta? (oldack/29/01/011). Tel. 018 3362 1477.X

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 14/07/2013
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