Até o Fim da Vida

É como experimentar o parto pela segunda vez.

Como ter a oportunidade de dar à luz pessoas com quem convivi durante muitos anos e,por isso, conheço grande parte do que são.

Apresentamos o mundo durante tanto tempo.

De mãos dadas com nossos rebentos.

Atendendo a todas as lindas curiosidades.

Tentando fazer de seus sonhos, motores de valor genuinamente precioso.

Estimulando-os a acreditar nesta potente alavanca do viver.

Agora, lá estão eles.

Os filhos.

Na voz ativa de toda a ação.

Por sua própria condução.

Proprietários de suas escolhas boas e más.

E de tudo que decorre delas.

Meu coração experimenta leveza e pesar.

Não sei sair dessa dualidade.

Lá estão suas asas, quase totalmente formadas, em franco aquecimento.

Ajudei a formá-las.

Acariciei e abençoei, com a permissão Divina.

Testemunhei as primeiras passadas firmes e decididas em direção a cada espaço conquistado.

A cada porta que, por mérito individual, foi sendo aberta.

Agora, que as pequenas perninhas tornaram-se longas e ávidas por caminhadas mais ousadas, por corridas e maratonas, desvendando o mundo por onde andei e por onde jamais vislumbrei pisar, chegou a hora de questionar novamente minhas convicções.

De arguir a mim mesma diante do espelho.

De lançar a mim mesma um grande desafio.

Novamente.

De tentar andar no ritmo certo.

Com serenidade e coragem, amor e humildade.

Tanto a aprender.... ainda... sempre.

Ciclos que se fecham apontando outros que se iniciam.

E as possibilidades de todos se entrelaçarem em momentos da nossa existência que nem podemos imaginar, nos deixando a verdade da voz da natureza como o ensinamento definitivo.

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Dedicado aos meus filhos Victor e Leonardo.