OS DOIS MADEIROS DE UMA CRUZ

Ser descrente, de certa forma, é melhor! Ele só carrega o madeiro da descrença; o crente leva dois em forma de uma cruz. Um é o madeiro da descrença, o outro é o da fé, sempre com peso desbalanceado, pois tem hora que a fé está consistente (pesada) e tem hora que está fraca (leve) Essa variação faz a cruz se movimentar, lhe ferindo "o ombro". Quem não crê em Deus (sem fé) segue tranquilo, levando só o madeiro da descrença que sempre tem o mesmo peso, por conseguinte não lhe fere. A variação do peso do madeiro da fé se fundamenta nos momentos de dúvidas. Ninguém, nem o mais fervoroso crente, da mais perfeita religião, pode dizer que sua fé não é variável. Ter fé nos seres ou nas coisas que não vemos, é uma fé relativa, portanto sofre variações. Dessas variações a que mais influencia no peso da cruz é a ação da hipocrisia, pois chega a "afundar" o crente nos mares desta vida. Mas enfim, mesmo havendo a variação do peso e do sofrimento, sempre haverá uma tênue energia, chamada esperança, de que Deus existe, e que ao fim  a cruz, composta pelo madeiro da descrença, com a fé variável, servirá para algo simples, como por exemplo, colocá-la à boca de alguma fossa sobre a qual inevitavelmente tenhamos que passar sem que venhamos a cair dentro dela, já que o madeiro da descrença poderá virar, pois não tem o cruzamento da fé, mesmo que esteja enfraquecida...Num resumo porém, no tocante à vida terrena, o descrente tem mais liberdade!