- Minha nova Religião.( Os Pitacos da Merô)
 
Não sigo nenhuma Religião. Não sou contra quem segue, sem falsidades. Com a visita do Papa, fiquei pensando no significado da palavra. Religião – Religar. Se é para religar é porque já fui ligada antes. É a volta para onde um dia eu vim.Então resolvi criar a minha. A partir de hoje estou filiada a Religião que acabo de criar.

Meu primeiro problema está sendo escolher o nome. Religião tem que ter nome. Li várias denominações e nenhuma agradou- me, inspirou-me. Agora estou pensando em um, bem simples – Religião do Retorno, porque é nisto que acredito. Vida e Morte, o presente que Ele, o Poderoso, concedeu a todos os nós, humanos. O dom maior, o livre arbítrio. Somos responsáveis por nossas escolhas. Pelo recheio. Serão essas  escolhas que definirão o nosso ir e vir, até o retorno final, quando não precisaremos mais voltar. Estaremos lá, integrados para sempre, parte real de quem somos apenas fragmentos, fagulhas, enquanto humanos.

Nasci Católica Apostólica Romana. É natural que meu conhecimento normal sobre Religião tenha base Católica. Nem sei bem quando comecei a questioná-la. Tenho lembranças, porém. Gosto muito de futebol e um dia passei a rezar, chorando, pedindo que Deus fizesse meu time ganhar. De repente, senti pena imensa Dele. Pensei: Por que Ele irá atender-me, se a torcida de meu time é bem menor do que a outra? Por que eu mereceria ser atendida e não outro, se não sou melhor nem pior do que ninguém?

Outra coisa que me implicava era a noção de Céu e Inferno. Acredito em Céu, mesmo que seu nome não seja esse. Céu é encontro final com o Poderoso. O encontro eterno, sem Retorno. Mas Inferno? Qual Ser enviaria uma de suas criaturas, dotadas mais do que de alma (anima), mas Espírito, parte de Si mesmo, para penar eternamente? Ridículo, absurdo. O humano, dotado do dom da escolha, pode até levar mais tempo até a Redenção final, mas durar eternamente?

Minha Religião tem suas peculiaridades. Não quero seguidores. Ninguém ensina ninguém. A gente aprende quando quer aprender. Não preciso de dinheiro para manter minha Igreja. O que manterá minha Igreja será minha Fé. Aliás, estou chegando a uma decisão drástica. Esqueçam minha Igreja. Esqueçam seu nome. Esqueçam tudo, só se lembrem de uma coisa. Sempre haverá esperança para os homens de boa vontade. Respeito. Solidariedade.