Ela vai voltar.

Eu queria mudar algumas coisas. Cor de cabelo e móveis de lugar deixaram de ser mudanças com algum sentido. Preciso de algo que vá além disso, uma chacoalhada além da fachada. Um início de estrada novo, com paisagens que eu não conheço. Então decidi enxotar o que mora dentro e pesa tanto que me faz curvar diante da vida. Fiz uma faxina emocional, tanto adiada, que me deixou em dúvida de onde eu poderia começar.

Então fui lá, bem no âmago do que eu acredito, tirei a poeira das minhas esperanças, mergulhei (mesmo) naquelas loucuras sadias que deixei para viver "qualquer dia desses", peguei-as no colo e elas me fizeram sorrir. Lembrei de quanto tempo eu perdi sem fazer isso. Ajeitei uns sonhos já rotos, que eu acreditava que jamais tornaria realidade por não ter capacidade e, mesmo abatidos, eles piscaram para mim. Joguei mágoas pela janela dos olhos, rasguei arrependimentos em pedaços pequenos, até que eles evaporaram do meu coração.

E voltei. Desta vez, não precisei de espelho para ver quem sou, apenas parei por um minuto e silenciei. Encontrei a mim sem procurar. Sorri ao me ver ainda tão bela quanto antes. Aquela mulher, que todo mundo se nega a acreditar que tem vinte e oito, não tem apenas cara de menina, mas guarda a alma brincalhona de sempre.

Era essa que eu queria ver! A mulher careta, engraçada, que tem medo de vaga-lume, que adora comer pizza gelada e andar de pouca roupa pela casa. Que adora um banho de mangueira no verão e não se preocupa com aparência. Sim, ela me fez falta.

Mas calma, ela está voltando. Aos poucos sua verdadeira alegria aparece. Aos poucos ela está esquecendo os motivos que teve para chorar e a cada minuto que passa, sua fome de razões para sorrir cresce.

Essa é minha garota!

ARYANE SILVA
Enviado por ARYANE SILVA em 06/08/2013
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