O mágico quarto da menina

O vento sacode as persianas da sala, produzindo um falso som de chuva que logo é desmascarado. Lá no quarto, entre as camas, a rede apertadamente balança para lá e para cá. A casa dorme, menos o quarto da menina. É um local onde, apesar de não parecer, tudo tem vida. Os ursinhos de pelúcia conversam entre si, o ventilador suavemente canta, sussurrando, enquanto climatiza o ambiente. Os livros, reunidos nas pequenas prateleiras e no armário, dividem espaço com os vestidos da menina, e todas as noites, os personagens das histórias saem para conhecer protagonistas de outros mundos literários. O chinelo descansa ao pé da rede; a toalha de banho abraça a porta; o velho e aposentado computador guarda poeira, e aguarda pacientemente pelo fim dos seus dias; as peças de roupas formam combinações entre si, sendo a explicação para um armário sempre fora de ordem; a lagartixa está sempre na parede, jogando charme para seu companheiro; as tomadas ficam felizes quando têm alguém a lhes cobrir as vergonhas; a cama e o colchão, em sua eterna história de amor, passam o dia a descansar, preparando-se para o momento de enfim exercitarem-se, que é quando a menina ali se deita e adormece. E o espelho a isso tudo assiste, com seus olhos ágeis que a todo movimento capta, e a toda expressão interpreta. É neste ambiente mágico que a menina tem as suas ideias mais brilhantes, e onde escreve suas poesias mais instigantes. É neste local ainda, que sua alma sente-se em casa, abraçada pelos ursos de pelúcia e observada pelo espelho, que é o melhor amigo da menina. Mas hey, psiu! É segredo, viu?

Malluhhhh
Enviado por Malluhhhh em 07/08/2013
Reeditado em 08/08/2013
Código do texto: T4424196
Classificação de conteúdo: seguro