Um livro na estante, um silêncio velado e uma sombra solitária

Desenho no vidro da janela...

Desenho as curvas que passam ao sabor de meu hálito, e deperto. Hoje, se as coisas não são como deveriam, ao menos, também são como podem ser. Faço amigos como sopro bolhas de sabão, e sou abandonado como a flor morta é jogada dentro de um livro: mera lembrança!

Eu venho tentando construir a minha grande lembrança, a minha jogada. Eu estarei lá, na escadaria te esperando, de camise verde, ohos perdidos, cara de nerd, mas estarei lá... na escadaria da vida... por onde todos passam e eu mendigo um pouco de atenção... naquela escadaria que se abre para o futuro.

No entanto, eu sei, eu sei... tenho certezas que me aferroam no silencio pungente do relogio... é apenas mais um livro!

E isso dói! Minha vida é composta por fascículos que eu desconheço e que se perdem.

Ser romântico é ser fudido, embora existam os revezes, insisto.

Não tenho outra certeza, meu coração reclama, grita..

Abro a janela, preciso respirar... os calores noturnos, o peso de uma consciencia limpa me maltratam...

E os duendes percorrem a noite e me desejam sorte... sorte! Não preciso, preciso talvez de um milagre... Abro um largo sorriso e aceno para o vazio.

A solidão me traz novas companhias. Monto o cavalo de D'Artagnan e sigo meu caminho, de espada em punho, saltando livros, horizontes.. poemas de vida..... música de morte... e assim , persisto e insisto, aqui sentado, olhando ao longe, mais um livro na estante, aquele livro que será por alguns momentos minha nova vida (a tão sonhada!), mas

que me deixa sentado, olhando o nada, o vazio dos caracteres, a sonhar sendo mais uma sombra solitária, um poeta de esperanças perdidas.

Ev
Enviado por Ev em 09/04/2007
Código do texto: T443015