O ORGULHO NOS RELACIONAMENTOS

Sentimentos fazem parte de nosso viver e alavancam nossas emoções. O orgulho, porém, destaca-se por ser ambíguo. Tem seu lado louvável e sua faceta destruidora, sempre ligados às múltiplas formas de amor.

Sentimos orgulho dos valores de nossos entes amados. Louvamos, agradecemos e nos sentimos felizes e realizados. De igual forma, nos sentimos com nossas qualidades e êxitos obtidos. O problema reside, quando esse sentimento nos atinge em sua negatividade.

Quantas coisas e oportunidades já perdemos, através de um orgulho que nos impede de expressar o que sentimos, de pedir o que precisamos, de entender e perdoar, mesmo que sentindo alguma culpa? Tudo isso acontece por um único motivo: falta de humildade, esse outro sentimento que só brota, quando o amor é capaz de amortizar nossa vaidade e qualquer obstáculo advindo dela.

Ah! Mas não nasci para ser capacho de ninguém – dizem os portadores de um orgulho ferido, de uma vaidade machucada.

Tenho vergonha na cara. Quem quiser, que venha me procurar - tenho personalidade!

Com essas frases, muita gente já ficou de mãos vazias, já ocultou seu pranto e recalcou seu sentimento. E a frustração? E o vazio? Vão se interiorizar, provocando amarguras e doenças.

Se podemos esclarecer uma dúvida, por que permitir que ela fique a martelar nossa cabeça e comprimir nosso coração? A verdade pode até doer, mas o tempo a levará de nós. O pior arrependimento é aquele em que deixamos de fazer algo, porque nos fica a incerteza.

Conheci Norma, uma pessoa que amava a vida. Com sua beleza e seu sorriso contagiante, nenhuma porta se fechava para ela. De casamento já marcado, era a mais pura representação da felicidade, até o dia em que uma amiga-da -onça, lhe contou ter visto seu noivo em um bar com outra mulher.

Naquele momento, sua vaidade ferida, fez implodir todo seu orgulho. Dispensou o direito da dúvida, esquivou-se ao esclarecimento e ficou surda para conselhos. Terminou o noivado e fechou-se para a vida. Seu ex-noivo, de tanto sofrer, mudou-se para bem longe.

Dois anos depois, Norma conheceu uma empresária e se tornaram grandes amigas. Até então, ela mantinha seu coração fechado e não permitia a ninguém, tocar no assunto de seu noivado desfeito. De confidências em confidências, a confiança cresceu e deu coragem para o desabafo.

Sua amiga que a ouvia atenta a todos os detalhes, mal conseguia conter o espanto. Quanto mais Norma falava, mais ela se sentia morrer por dentro. Que terrível engano! Seu constrangimento chegou ao auge. Não sabia o que falar, mesmo porque Norma chorava compulsivamente.

Durante uma semana, com muito cuidado, a empresária preparou o espírito da amiga, para receber a triste notícia. Temia perder sua amizade e todo o trabalho que fizera para recuperar sua alegria de viver. Não dava, porém, para continuar a ocultar.

Chamou Norma para tomar um vinho com queijo em sua residência. Após senti-la bem descontraída, com muito cuidado, relatou o fato. Ela e o ex-noivo de sua amiga, estavam acertando as cláusulas de um contrato que iam firmar. Escolhera um bar tranqüilo, porque o movimento constante em seu escritório, não permitia uma boa concentração. A proximidade entre os dois, foi devida à leitura da formatação do documento. Nada além disso aconteceu.

Assim como neste caso, muitos outros acontecem, nas mais variadas formas de relacionamento. Devo à triste experiência de Norma, uma grande mudança em meu convívio existencial.

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 15/08/2013
Código do texto: T4435621
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