Culpa do Amor

O amor é como uma arapuca, que nos prende deixando-nos com a sensação de que não temos mais saída pra vida. Ele por si só nos alimenta, prende, preenche, transborda. O amor cria, sufoca, mata. Faz de nós, seres completamente dependentes.

Dependemos do sorriso, do abraço, do carinho, da atenção. Tornamo-nos frustrados com a retribuição.

O amor envenena. Transpassa em nossas veias o que nos causa dor, suposições, invenções, certezas.

O amor não é nosso, é meu. Ele é mesquinho, egoísta, egocêntrico. É vil. Doí e forma um nó dentro da garganta.

O amor é amigável. Cria laços inimagináveis que ultrapassa as barreiras do sentimento terno e te deixa na estação da solidão onde apenas o único passageiro disponível é você.

Ninguém se arrisca tanto no amor quanto você.

Ele te escolhe. E ele te escolhe novamente.

O amor te conhece. Ele quer que você consiga. Ele esquece que você é intenso.

O amor te trai, te engana... Ele nega todo o seu passado, todas suas lágrimas.

E ele te escolhe, mas não te mostra o caminho. Ele te mostra o mapa e você segue sozinho.

O amor te dá o discernimento pra amar. Mas não te ensina qual o certo a escolher.

Ele te vê errar. Ele deixa você errar.

E você nega pra si mesmo o quanto duro é esse caminhar.

Mas não é culpa do amor. As decisões foram suas. As escolhas são suas.

Você ama quem quer. Você se lança no caminho que se dispõe trilhar, mesmo sabendo onde vai chegar. Consequências são inevitáveis, seja qual for sua escolha. Erros são perdoados, escolhas são sentidas.

Não sofra.

Não se amedronte.

Siga o amor. Nem se preocupe, pois todo mundo tem alguém que não o ama da mesma forma.

E inclusive isto, nem é culpa do amor.