Uma geração Canguru

É muito bom estar em família, dividir espaço com quem realmente conhecemos. Nossa casa parece ser sempre o melhor lugar, podemos realizar uma viajem e conhecer pessoas e lugares, mas à volta pra nossa casa e tão satisfatória quanto à ida ao passeio.

É difícil se desvincular da nossa raiz, “cortar o cordão umbilical” não é tarefa fácil e, muitos adiam esta ruptura por longos anos, nasce então uma “geração canguru”, filhos que continuam no calor da “bolsa materna”, na permanência da família de origem.

Alguns pais fomentam esta estadia tardia dos filhos, suas proles por perto denotam segurança, “estão sob os nossos cuidados”, um sentimento de bem-estar. Ainda, jovens com carreiras profissionais já definidas e com estabilidade financeira optam em continuar morando na casa dos pais, pois muitos não se sentem prontos para a vida fora dos limites da casa. A independência nem sempre se dá de forma integral e, muitos não fazem questão que ela se estabeleça desta forma, a permanência pode denotar um evitar aos possíveis conflitos da vida, diante das incertezas de viver a sós.

Em tempos passados, de forma prematura os filhos deixavam o lar, alguns iam se aventurar e conhecer as dificuldades da vida, outros tantos, conscientes já estavam e enfrentavam as intempéries com certa sabedoria. Ocorre, que como bem diz uma propaganda publicitária: “Os tempos mudam”. E, as pessoas mudam também, há uma nova cultura, mais permissível e há mais compreensão e tolerância.

Enquanto muitos ficam na “bolsa” da mãe, outros tantos ficam no “bolso” do pai. E a coisa começa a ficar complicada, ou já começou de forma errada! Ocorre que novas configurações familiares estão se estabelecendo ao longo dos anos e, em tempos atuais não são tão somente os jovens que permanecem junto dos pais, há aqueles que já estabeleceram suas famílias e que por um motivo ou outro acabam a voltar para casa, desta vez no alto da meia idade. E como bem diz a frase “o bom filho a casa torna”. Será?

Alguns pais entregam tudo de “mão beijada”, cria-se desta forma uma geração sem iniciativa e instala-se o comodismo. É preciso dar limites, estipular normas a cumprir. Direitos e deveres fazem bem a todo individuo, há muito tempo que a sociedade urge por indivíduos com esta problemática bem resolvida e, cada vez mais vem se estabelecendo um emaranhado de situações envolto a tudo isso.

E quando os filhos começam a usufruir a independência, individuação e capacidade de dar o rumo para própria vida, em muitas vezes os pais demoram a se adaptar com ausência dos filhos, chama-se esta etapa de “ninho vazio”, quando eles (os pais) possuem dificuldade em vivenciar o distanciamento dos filhos.

Lá em casa, se considerarmos esta linha de raciocínio, alimentamos as estatísticas que apontam o crescente aumento da geração canguru. Mas fomentamos esta estática da forma mais “sadia” possível, sabemos das nossas obrigações, cada um cumpre com seu papel e, até que a coisa flui (tudo beleza!).

Então, não tem como se estabelecer se é ruim ou não o permanecer na casa dos pais, não há como delimitar o comportamento como algo positivo ou negativo. Há parâmetros e não consensos, o que pode ser muito bom para mim, em relação a convívio familiar, pode ser muito ruim para ti. Cabe a nós, olharmos para nossas famílias, que se estabelecem das formas mais distintas possíveis e SABER CONVIVER BEM. E, falando em convivência, lembro da seguinte música: “Esta família é muito unida. E também muito ouriçada. Brigam por qualquer razão. Mas acabam pedindo perdão...”. A letra desta música ilustra a realidade de grande parte das famílias, que vivem entre o choro e o riso, entre a briga e o perdão, entre a brincadeira e seriedade, entre quatro paredes.

E-mail: deivith.camargo@gmail.com

Deivith Camargo
Enviado por Deivith Camargo em 22/08/2013
Código do texto: T4446185
Classificação de conteúdo: seguro