NA MORAL...

(22/08/2013)

Ontem o programa “Na Moral” foi sobre os transgêneros e contou com a presença de alguns homens e mulheres transgêneros. Não quero me manifestar aqui sobre isso, pois acho que cada um tem direito de buscar sua felicidade e sua realização. Muitos já haviam mudado seus nomes, alguns já haviam feito cirurgias, outros ainda nesse processo. Apesar de ficar admirada com a coragem dessas pessoas em passar por dezenas de cirurgias, de se mutilarem, desculpem, não achei outra palavra, e retirarem as mamas, ovários, útero, pênis, mudando completamente a anatomia, sim, ainda acho que vai de acordo com a decisão de cada um. Claro que tirar a mama, útero ou ovários, não faz nenhuma mulher se transformar num homem, não vemos isso acontecer com mulheres que enfrentam um câncer, por exemplo, e precisam ser operadas, mas é diferente, pois os transgêneros já não se sentem mesmo homem ou mulher, precisam mudar sua aparência para que fiquem mais com uma imagem de acordo com o que sentem.

O que me inquietou foi a fala da filha do papai Letícia, porque ele só decidiu mudar sua aparência bem tarde, não veio sofrendo mudanças durante a vida, desde criança, desde sempre. Bial perguntou se ela aceitava bem a decisão do pai e como a menina o chama. A resposta foi um tanto inesperada, ela disse: Nós não somos preconceituosos até o preconceito bater na nossa porta. O chamo de papai, não consigo chamar de Letícia. Minhas lembranças dele são como pai, me criou como pai, brincava comigo como pai e eu o chamo de papai.

Não, ela não foi preconceituosa. Não, ela não teve comportamento homofóbico. Ela apenas deixou que algumas palavras e lágrimas dissessem o que a alma daquela filha gritava. E aí fiquei com essa inquietude, até onde podemos ir para buscar nossa felicidade? Devemos pensar só em nós mesmos? Nós, pais e mães, devemos fazer o que pensamos ser o mais certo, mesmo ferindo nossos filhos?

Na moral, continuo mexida com aquele programa e com a fala daquela menina...