O indecifrável e surpreendente Ser Humano.

O dualismo e a ambiguidade do ser humano sempre foram fatores que me impressionaram muito.

O fato de Amor e Ódio conviverem quase harmoniosamente em estado latente dentro de um ser vivo inteligente e cônscio de seus deveres para com seu próximo, me faz ver como a natureza é sábia, maravilhosa e ao mesmo tempo aterrorizante.

Saber que a mesma mão que acaricia pode matar; a boca que demonstra seu amor em um beijo é a mesma que em estado de completo desespero por alimento, como no caso do acidente de aviação nos Andes; pode devorar seu companheiro de infortúnio para poder sobreviver. Os braços que te amparam na hora de aflição, podem ser os mesmos que te asfixiam na hora da raiva.

E, os dois sentimentos diametralmente opostos que são amor e ódio, podem coabitar por razões inexplicáveis o mesmo coração.

O amor é sentimento doce, puro, suave e que mesmo nos dando forças; nos faz sentir que estamos fracos e a mercê de perigos que nos rondam sorrateiramente; isto porque mesmo sem querer nos tornamos dependentes de quem amamos e esperamos sua proteção. Entretanto, somos uma fortaleza imbatível, guerreiros, quando estes mesmos perigos ameaçam, mesmo que de longe, as pessoas que amamos. Criamos força e coragem que brotam da alma e então, manifesta-se o nosso outro lado, a efígie da medalha que todos nós temos em nós e que procuramos sempre trazer debaixo dos pés, o Ódio.

Este, um sentimento poderoso que nos torna irascíveis, ásperos, sem tolerância ou paciência e maus, muito maus.

Vida e Morte, quando ele domina o ser, ficam no mesmo prato da balança e não tem valor algum. O ser ou objeto odiado não sai da mente, tal qual o que é amado. A diferença é que no amado, queremos abraçá-lo, acarinhá-lo e resguardá-lo de todos os perigos. Se pudéssemos colocá-lo em uma redoma o faríamos para defendê-lo até do ar poluído que invade a nossa atmosfera.

No ódio, o que sentimos é completamente inverso. A bondade vira maldade, o desejo de proteção transforma-se em destruição. Queremos arrasar, despedaçar e tal qual animal enfurecido, matar; para tirar de nossa frente quem odiamos e nos faz sofrer ou machuca quem nos é caro.

Ser estranho o homem!

Possuidor de tantas qualidades e defeitos; dependendo do momento que está vivendo pode ser doçura ou amargura, caridade ou egoísmo, doação ilimitada ou indiferença, ser intrinseco ou livro aberto, luz ou trevas, anjo ou demônio.

Abençoado seja o livre arbítrio, que nos dá a liberdade de escolha.

Podemos acolher o Bem e manter o Mal aprisionado.

Se bem dosado, todas as qualidades e defeitos na medida exata para sermos pessoas dignas; sairemos da escala do animal racional para interagirmos com o Cosmo e ser o que Deus espera de nós desde o dia em que nos criou; Ser um filho de Deus e portanto um ser Abençoado.

Celina Maciel
Enviado por Celina Maciel em 10/04/2007
Reeditado em 16/04/2007
Código do texto: T444951
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