Teóricos pensamentos!

E lá vinha em passos largos e agitados ao estilo “dá licença que estou com pressa”, com as pontas da sombrinha raspando as cabeças carecas de uns e fazendo com que outros fechassem os olhos com medo de uma cegueira. Acho bonita a mulher assim decidida, daquelas que quando resolvem abrir caminho valem todos os meios, até cutucão de sacola, esbarrão de bolsa, ou qualquer artifício que faça um companheiro de calçada dar um pulinho para a lateral. E lá vai ela!

O seu estilo é de mulher que valoriza a sua profissão de mestra com mestrado, com profissionalismo a toda prova dos nove ou dos noventa, dos trinta ou vinte cinco. Sei lá que idade tem se nunca perguntei? Por delicadeza nunca perguntarei. Mulheres são mulheres e em certo período de vida cismam que o ano tem setecentos e trinta dias. Mas não dispensam presentes de aniversário, de natal, de dia dos namorados, e as que são casadas também de casamento. Sempre nos anos normais.

Voltando a ela. Ia passando por mim as carreiras e me deixaria a ver navios. Como não sei, pois tudo aconteceu longe do mar? Perdi naquele minuto alguns segundos raciocinando como deveria chamar-lhe a atenção. Não, ela não havia feito nada de errado, eu apenas queria falar com aquela mulher pé da gota, que andava mais do que eu. Gritar-lhe o nome? Outros aprenderiam e poderiam em minha ausência usar a minha fala para tomar-lhe o tempo. Gritei apenas; - Pedagoga!

Como uma carreta no trânsito da Avenida Marginal, que enxerga um grande buraco a sua frente, ela parou travada nos dois pés, sem ruídos e apenas um sorriso! Enfim estávamos frente a frente em uma via movimentada conversando sobre literatura, E ai você leu? Leia com atenção!

Olhos nos olhos dizem ser a fórmula certa e mais sincera de se conversar. Mas eu pobre mortal que já caminho para a morte, tenho uns olhos que merecem castigo pelos pecados que me fazem cometer. Um dia alguma disse, - Seu olhar me despe! Não seria o caso do momento, mas apenas uma firme olhada para os pés. Que lindos pés, que ligeiros, daria pelo menos um beijo em cada um, como prêmio pelo desempenho!

O assunto versou sobre versos e literatura, sobre texto de humor e textos sérios, se é que alguma coisa é séria neste Mundo! Políticos eu sei que não são, as professoras serão? Ou o que achamos leviandade um assunto sério não poder ser? Eu, eu sei que sou sério quando quero, o problema é conseguir ser sério em momento lúdico, em que o perfume que ela usava para que todos sentissem não estava sendo sentido por outro, mas naquele momento por mim!

E como se quatro paredes se fechassem em nosso entorno, em um ambiente que só Deus conseguiria enxergar para perdoar os pecados do lençol, estávamos acasalando nossos teóricos pensamentos literários!

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(*) Seu Pedro é o nome popular do jornalista Pedro Diedrichs (DRT-BA 398). Brasileiro, natural do Rio de Janeiro, residindo há cerca de quinze anos no Sertão da Bahia, casado, 59, é jornalista desde o final do ano de 1967, aos 19 anos, tendo passado pela redação do Jornal do Comércio, em Manaus, AM. Poeta, escritor, humorista de texto. Foi colaborador na extinta revista “Urubu”, no final dos anos sessenta Edita o jornal Vanguarda na cidade de Guanambi – Bahia, E-mail seupedro@micks.com.br ,