Messi, os autistas e os canhotos

Síndrome de Asperger, este é o nome da forma branda de autismo que, segundo li, atinge o argentino Lionel Messi. Isso seria possível de identificar inclusive dentro de campo. Uma das características da síndrome é a repetição de atos motores, e Messi quase sempre faz os mesmos movimentos, caindo pela direita, driblando da mesma forma e fazendo o gol de cavadinha. Dono da excepcional memória de um autista, Messi conhece de antemão os possíveis movimentos do goleiro. Na hora de finalizar, apenas repete o seu padrão e sorri aliviado por cumprir sua missão. A própria qualidade do chute e a habilidade de manter a bola grudada no pé seriam padrões de repetição. Levados à exaustão, geram poucos erros, embora não sejam exemplos de criatividade.

Outra característica da síndrome é a dificuldade de interação social. Os especialistas associam esse sintoma ao comportamento esquivo e pouco à vontade de Messi nas entrevistas e comerciais. Reconhecem ainda que a síndrome é uma fábrica de gênios, e que os seus portadores são capazes de feitos impressionantes. Lembram ainda que nomes como Isaac Newton e Albert Einstein tinham, e Bill Gates ainda tem, algum grau de autismo. No fim das contas, você fica quase lamentando não ser um autista como eles.

Gostaria de ver um estudo relacionando o autismo com a mão que se escreve. Messi, Newton, Einstein e Bill Gates são todos canhotos. E muitos grandes nomes da história, como Da Vinci, Michelângelo, Picasso, Beethoven, Machado de Assis e Charles Chaplin também foram – embora, ao que se saiba, não fossem autistas. Mas talvez exista para essas pessoas uma maneira diferente de processar as informações e de reagir aos estímulos que favoreça o desenvolvimento de capacidades acima da média, ainda que com as consequências de uma síndrome.

O que sem dúvida será um alento para quem habita um mundo de tesouras e abridores de lata para destros, e que ainda vive, segundo a média, nove anos a menos do que eles.