Julia estava desempregada  já fazia mais de 6 meses. As contas se acumulavam. O aluguel  atrasado, as contas de luz, gás e telefone também.
Ela resistiu todo esse tempo porque não queria mudar de profissão. Afinal, sofrera muito para se formar em psicologia. Não queria, depois de tanta luta,  trabalhar em outra profissão qualquer. Mas o desespero levou-a a esquecer os sonhos e dar lugar à realidade.
Ia caminhando, pensando na sua angústia, quando viu o  anúncio na porta de um salão de beleza: “precisa-se de manicure”. Entrou, fez a entrevista, e foi sincera, explicando que não era a sua profissão, mas que ela poderia provar a sua habilidade. A dona do salão se prontificou a experimentar. Ficou satis-feitíssima e contratou-a imediatamente.
Desde muito jovem fazia as unhas dela e das amigas, não seria difícil sair-se bem nessa função.  É claro que  por pouco tempo. Estava certa de que logo conse-guiria voltar à  atividade para a qual, a duras penas,  havia se preparado.
O destino, no entanto, nos prega muitas peças e, muitas vezes, é necessário passarmos por uma dificuldade para descobrirmos outros caminhos.
Sempre delicada e atenciosa com as clientes, logo ganhou a simpatia de todas que, parecendo adivinhar  sua verdadeira profissão, lhe contavam todos os problemas, amores, desamores, mágoas, ódios, dissabores, brigas de família, bem como alegrias e conquistas.
Ela ouvia tudo, dava conselhos e arquivava as histó-rias. Quando pegava o ônibus, para voltar à casa, aproveitava a longa distância e ia elaborando os relatos, pegando um pedacinho de um, juntando com o tópico de outro e, ao chegar em casa,  tinha uma história completa. Passava-a para o computador e a guardava numa pasta, cujo título era   “Um dia seremos um livro”.
Fez isso durante algum tempo e foi ficando cada vez mais encantada com a nova função. A manicure-psicóloga trabalhava com muita eficiência. Embora não ganhasse tanto dinheiro, ganhava bastante expe-riência.
Um dia uma amiga  lhe falou de uma oficina literária, OLIP, onde havia um professor muito bom. Mais que depressa ligou e marcou uma entrevista. Foi aceita, para sua alegria.
Os anos se passaram e ela hoje é escritora, com vários livros de sucesso. Quase toda semana é entrevistada na televisão e passou a dar palestras, em todo o Brasil,  em escolas e empresas.
Muitas vezes, o que parece ruim, é apenas uma opor-tunidade para que a pessoa cresça. É importante, no entanto, que não se desperdice as oportunidades que a vida nos oferece.

 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 29/08/2013
Reeditado em 04/02/2014
Código do texto: T4457480
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