Os Odores da África e os  Sabores do Magrebe...
 
O grande “vate” da lingua lusa Fernando Pessoa tinha, na sua fonte inesgotável de criatividade por sobre o pensamento do homem português de todos os tempos, uma frase colocada em verso a qual, muitas e muitas vezes, nós deveríamos parar um pouco para reflectir e pensar nela:
 <<...Se eu pudésse trincar a terra toda
 E sentir-lhe um paladar,
 Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz...>>
 
E daqui eu acrescentei mais uns “pósinhos” da minha própria lavra:   
É preciso ser de vez em quando infeliz,
Para se poder tonar a ser natural,
E por isso é que o POVO diz,
Este é o custo da felicidade actual...>>
 
- Principalmente nestes tempos modernos cheios de novidades e de não menos incertezas constantes, de insegurança social do dia-a-dia, de situação económica e financeira vogando pelas trevas do código Dá "Vintch e Cinco " de Abriu-looooooooo"!...o gógò"(®), e... de que sobremaneira!... uma tão instável conservação de valores politicos, históricos e sobretudo morais, nada melhor do que recorrermos aos defuntos mestres do passado, para melhor nos ajudarmos a todos juntos escrevermos, e tentarmos entender o futuro colectivo!
- Um dos objectivos mais prementes que eu procuro imprimir aos meus prospectos analiticos, do simples observar "como vão as coisas" e de como se sente na pele o desgarrado sentimento de nacionalidade latente, à medida que nos afastamos da capital do reino, é justamente o tentar compreender o porquê ninguém se importa mais com o plano inclinado em que os sucessivos governos, não importa o jaez de suas convicções e/ou cores mais arraigadas, todos eles parece quererem esquecer o inolvidável, o lógico e o racional...
Ainda continuando a releitura de poemas inesquecíveis do imortal mestre, que tantas obras fez quantos nomes lhes deu com sabida e aplicada oportunidade temporal para o conhecimento da sua época, que se repete como um eco dos sinos do carrilhão de Mafra e espelhados nas vitrines da vida da nação, enquanto Estado de direito, onde ele dizia:

<<... Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal, nem o que é bem!
(Que a ânsia tão distante...
Quando está  perto ela chora?)
... Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
- Oh meu  Portugal de hoje, tu és só nevoeiro...
(Que de longe eu adivinho...
 É esta a tua, a nossa hora!... definho.) >>
 
- Isto escrevia ele,... e eu,  já no distante  Século Passado também assim o pensei e vivi!
Por isso, hoje eu vos pergunto ,meus companheiros da Nau Catrineta à deriva; porventura, haverá  alguma semelhança com os tempos actuais!?
Tal como ele foi emigrante, e também como a maioria de nós da emigrantes actuais, nós agimos e pensamos muito em consonância com o ponto do globo onde nos encontremos. É fruto das condições ambientais.  
- Agimos e pensamos em relação à "santa terrinha" de acordo com os nossos princípios e direitos adquiridos pela naturalidade que, muitas  das vezes se confundem,  mas não se misturam com a nacionalidade global generalizada  de cada um de nós.
Alvaro de Campos foi o "mestre" mais anglicanizado de toda a obra deste nosso “mentor” espiritual passageiro tripulante e tripulado em terras ao sul da Namibia.
-  Já o espírito conservacionista do Ti (adjectivo da minha lavra)  Ricardo Reis representava o conhecimento voltado para a antiguidade clássica,  e o não menos universal  e globalista itinerante Alberto Caeiro,  ele adorava as coisas do oriente!... bastava uma “musúmé” de olhos horizontalmente semi-cerrados abrir uma nesga da pálpebra, bastava para fazer jorrar um fonte inesgotável de impropérios sensuais, de sonetos infindáveis na sua alegoria de romantismo autenticamente Latino.
 - Enquanto o dono de todos eles, o verdadeiro ortônimo, o Fernando em Pessoa, ele sempre foi um Lusíada puro e típicamente  nato!...
Nas palavras do Mestre o seu heterònimo dizia naquela época, que ele pertencia ao grupo de Portugueses desempregados que "depois que a India foi descoberta, eles ficaram sem trabalho!... nada mais havia a descobrir!!!
- E eu que atravessei a linha do equador diversas vezes nos principais sentidos da minha busca pelo "norte" migratório”, ainda me pergunto; quantos actores "retornados" ainda temos neste palco sem luzes que é o drama sem teatro?... nem palco da Ribalta para se exibir, ou quem sabe!?... 
Estamos todos plantados sistemáticamente  num teatro sem dramaturgos tão só  para o encher de figurantes?
Os figurões os há em demasia!... podem crer!... e sem demagogia vos digo que serão todos inaptos para a função.
Entretanto, para uma encenação hipócrita, falsa e cosméticamente embrulhada em discurso demagógico e populista,  é o quanto basta.
O paradoxo das notícias virtuais disseminadas por verdadeiros obreiros voluntários da pátria, muitas vezes ele fere pela sua objectividade e então,  a minha melhor solução é pintá-lo de amarelo!...
Isto porque,  se todos gostarem do mesmo, o que será dessa cor?
A verdade vem ao de cima de cada mente, enquanto a realidade vai ao fundo do âmago de quem mente!
- Dificil é encontrar o ponto de equilibrio destas duas forças...
O riso é o meu fiel da balança!
 - ainda que pintado de amarelo!...
E por isso,  companheiros amanuenses, salvemos a escrita porque os oradores estão todos desafinados.
- Salvemos os palavrões, os chavões e outros rincões da velha lingua do Mestre Fernando em Pessoa, que teima em não se modernizar por tão moderna ter sido a sua previsão criativa do ontem, que ainda há-de nos chegar no amanhã deste sonhado Quinto Império onde fui amortalhado.
Sejam nossas as palavras dele :
"...dizem que finjo ou minto...”
 Tudo o que escrevo, Não."
Tomara que fosse mentira.
Silvino Potêncio/Natal-Brasil - de passagem por FARO em busca dos Odores da África e Sabores do Magrebe.
 

 
Silvino Potêncio
Enviado por Silvino Potêncio em 30/08/2013
Reeditado em 05/11/2016
Código do texto: T4459335
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