O QUE EU FAÇO?

Sua boca tocou a minha, meu corpo se entrelaçou ao dela, uma sensação de prazer infinito tomou conta dos nossos corpos, das nossas almas.

Olhei em seus olhos, os dela estavam fixos nos meus. Boca molhada, corpo suado, o prazer nos levou ao gozo reciproco, sem medo, sem medidas.

Corpos cansados. Respiração ofegante. Ela continuava me olhando, com medo, incrédula pelo prazer recebido.

--- O QUE EU FAÇO? - perguntou, acariciando o meu rosto.

Beijei sua boca com volúpia, não queria indagações, queria ela dentro do meu coração.

--- NÃO SEI... estamos com um problema de difícil solução, mas nada é impossível, não existe incógnitas indecifráveis, mas sim problemas para serem solucionados. - respondi meigamente, agora acariciando os seus cabelos.

--- NÃO SEI O QUE FAÇO... - repetiu ela, com a voz tremula. --- SINTO UM PRAZER IMENSO EM ESTAR COM VOCE, MAS SEI QUE MINHA FAMILIA NÃO TE ACEITA. - murmurou baixinho.

A diferença de idade entre nós era enorme. Ela jovem 32 anos, eu já passando dos 60, sei oque estão pensando. Não pode existir amor entre duas pessoas com tamanha diferença de idade. Seria isso verdade? Então o que sentíamos. Como explicar aquela sensação que causa calafrio quando nossos lábios se encontram. Como explicar o gozo molhado do prazer carnal, não uma, mas duas três vezes, na mesma noite.

Eu também não sabia o que fazer.

Como explicar o sentimento de falta que eu sentia quando ela estava longe. Os telefonemas trocados diariamente. As mensagens, os apelos para um novo encontro. Não seria isso amor?

PAIXÃO... Diria os poetas.

Que bom, que seja paixão então, pois na minha idade ainda tenho duvidas entre as duas palavras, amor e paixão é a mesma coisa, apenas com intensidade maior.

Beijei-a pelo corpo inteiro. Senti sua respiração ofegante. Ela pediu mais. Eu dei.

--- ACHO QUE ESTAMOS APAIXONADOS. - disse eu em seu ouvido.

Ela puxou o meu rosto com delicadeza.

--- O QUE EU FAÇO? - seus olhos pareciam umedecidos. Ela tinha medo do que estava acontecendo. Talvez no inicio para ela tivesse sido apenas uma aventura, mas existe algo chamado química espiritual. São corpos carnais que guardam almas gêmeas, elas podem se encontrar no período certo da vida, outras vezes elas se encontram em períodos diferentes da existência humana.

--- façamos o seguinte. - disse eu, beijando sua boca com suavidade. --- não vamos ficar preocupados com o que os outros vão pensar. Não vamos ouvir o que os outros têm a dizer. Não vamos vivenciar o olhar de reprovação da família, dos amigos, dos companheiros de trabalho. Um dia não é igual ao outro, portanto, vamos aproveitar cada minuto deste amor reciproco que temos um pelo outro.

Ela sorriu.

--- EU JÁ SEI O QUE FAÇO.

--- o que? - perguntei.

--- VOU TE AMAR CADA DIA COMO SE FOSSE O ULTIMO, só assim poderei viver o dia de amanhã.

Os corpos estavam cansados. Entrelaçamos em um abraço longo e dormimos.