DEMOCRACIA E SAÚDE PÚBLICA

“...pimenta nus zóio dus otros é refresco...”

Já disse e continuo repetindo que não gosto de escrever sobre assuntos, principalmente os polêmicos, que estejam nas manchetes da mídia. Mas agora também não me sinto bem de ficar alheio ao processo de evolução da nossa saúde pública. Quero ainda salientar que pouco entendo dos meandros dessa instituição e portanto posso cometer erros por falta de embasamento teórico. Mas sou cidadão como outros milhões que vivem nesta Terra. Pagamos em dia nossos impostos e convivemos com as mesmas vantagens e dificuldades. Estarei pensando alto e portanto estou sujeito a falhas.

Um dos nossos inúmeros problemas é a Saúde Pública. Como toda instituição em crise as dificuldades nunca estão isoladas. São vários os elementos que a compõem. No nosso caso são a infra-estrutura, equipamentos técnicos e mão de obra especializada. O governo, tateando nesse emaranhado de problemas priorizou o aumento de número de Médicos. Como não os temos em número suficiente, fez-se aquilo que costumeiramente se faz na falta de qualquer produto na produção interna. Importar. Dai a sociedade se encarregou, como sempre faz, de criar a polêmica. Acho a polêmica saudável num regime democrático. Por isso não me isento de aqui deixar minha opinião.

O interessante é que a discussão parece estar esbarrando apenas, ou quase, nos aspectos burocráticos. Fala-se até em trabalho escravo (no tocante à forma de contratação). Ninguém fala em eficiência. Mas fala-se na realização de exames. Um excelente mecanismo de exclusão. O cidadão comum não tem a mínima idéia de como isso é feito. Seria uma prova escrita como o execrável e torturante vestibular? Seriam provas práticas? Quanto tempo demoraríamos para desatar esse nó? Mas uma vez vamos recorrer às Leis. O mais lento elemento na execução de qualquer tarefa. Enquanto isso a população infantil (não só), isolada em pontos distantes, num país de dimensões continentais, aguarda atendimento médico deitada em uma fina coberta num frio corredor de hospital.

Sou um caipira e morador da roça e por muita sorte consegui driblar e administrar os problemas de saúde já por 75 anos. Isso tem duas vertentes. Uma boa e uma ruim. A ruim é que se hoje os problemas são grandes, imagina nos meados do século passado? A boa é que sobrevivi e aqui estou para contar a estória. No sertão também não tínhamos médicos. E diante das dificuldades usávamos a criatividade. A benzedeira para gozar do direito de benzer, pelo que eu saiba, não fazia nenhuma exame para se capacitar na lida. Benzia e pronto, o “quebranto” estava curado. Os curandeiros e suas ervas milagrosas, eram procurados diante de quaisquer mazelas. Um cataplasma de “rubim” curava fraturas. As parteiras traziam ao mundo o pequeno caipira e ainda de brinde o ganhava como afilhado.

Usando a teia que o Homem criou, chamada Lei, todos os cidadãos são iguais. O problema é que os nascidos em berço de ouro acabam sendo mais iguais. E até nem precisam desse moroso recurso (a Lei) para resolver seus problemas de saúde. Seus hospitais são referência mundial na medicina. Usam outro recurso que não é a Lei, mas é de uma rapidez e invejável eficácia.

Não estou aqui pregando um retrocesso na evolução do pensamento humano. O que quero é que usem a História e resolvam, como nossos antepassados o fizeram. A sabedoria e a simplicidade devem ser as ferramentas a serem utilizadas no uso dos recursos conquistados que estão à disposição de toda a Humanidade. (oldack/29/08/013).XXX

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 01/09/2013
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