TRIBUTO A UMA MULHER

Quando nos conhecemos eu tinha 16 anos, e ela 17. Quando nos casamos eu tinha 17 anos e ela 18. Corria o ano de 1968, dia 28 de dezembro, este dia nunca poderá ser esquecido em minha existência.

Nossa lua de mel foi engraçada, difícil e complicada. Sem dinheiro, sem saber na verdade o que era sexo, exatamente isso, os dois eram virgens, não sabíamos o que fazer no momento crucial do amor. Apreendemos com o tempo, e usufruímos do aprendizado durante muitos e muitos anos.

Lutamos juntos. Perdemos juntos. Tivemos conquistas e derrotas às vezes inexplicáveis, mas continuamos nossa luta.

Veio o primeiro filho, dois anos depois de casados. Maravilhoso ser pai, divino ser mãe. Recebido com alegria, com amor, com muito carinho. Ainda lutávamos, tínhamos pouco, mas o pouco era muito, nos amávamos.

Erros cometidos. Erros perdoados. E a vida continuava.

Veio o segundo filho. Também abençoado. Bravo, briguento, também muito bem recebido.

Continuávamos nossa luta, tínhamos certeza de que tudo iria melhorar.

Abandonamos os estudos, abandonamos nossas vidas, agora precisávamos cuidar dos filhos.

Eles cresceram, eles brigavam, mas o amor continuava existindo.

O tempo passou... Queríamos uma menina, eu queria uma princesa, eu pedia a DEUS, que o meu reinado não fosse só de príncipes, eu queria uma mulher.

Ela, a esposa, uma procriadora nata, engravidava mais rápido que o tempo permitia, perdia, abortava espontaneamente, às vezes nem ela mesmo sabia o que estava acontecendo. Esquecia os comprimidos, esquecia que o sexo gerava filhos.

Finalmente, um dia, Deus deu-me a alegria que eu tanto esperava.

A princesa surgiu como em um conto de fadas.

Singela. Meiga. Lutadora, e me deu paz.

A vida tinha melhorado. Agora tínhamos nossa casa. E eles cresciam alegres, felizes. Porém nem tudo é perfeito para sempre. Crise. Desacertos. Erros cometidos e perdemos tudo. Eu precisava manter algo que desse a ela, segurança, mantive a casa que construímos juntos com tantas dificuldades. Os filhos cresciam e eu estava estagnado como um mourão de uma cerca de um terro baldio. Precisava crescer, queria ser algo de util.

Eis que surge uma nova benção. O último dos moicanos, lutador de poderes exacerbados, meigo, carinhoso, bravo quando necessário. Era o quarto da prole, a vida estava difícil, mas eu não desistia. Queria todos estudados, formados, cultos, com sabedoria para saber definirem o certo do errado.

Lutas... Tristezas... Eu precisava estudar. Estudei.

Consegui o que muitos acham impossível.

Eles estudaram. Formaram-se, hoje são homens de bem.

Separamo-nos, talvez um grande erro. Não importa, o importante de uma vida é você reconhecer as pessoas que fizeram parte de sua vida, e que de alguma maneira fizeram você ser gente de verdade, ser homem, ser humano.

Ela me deu quatro filhos. Quatro bênçãos que eu guardo dentro do meu coração. Seres divinos que preencherão a vida de outras pessoas e com certeza contribuirão para que outras vidas se tornem dignas.

Obrigado a você por ter sido a esposa que foi. A mãe maravilhosa que é, e principalmente por ter dado a educação que seus filhos têm hoje.

Deus te proteja. Que ilumine a sua vida. Quem sabe em outra vida, não voltemos a nos encontrar novamente, e os erros cometidos não sejam mais os mesmos, porque erros eu sei que todo ser humano vai cometer, o problema é a gravidade em que eles são feitos.

Abraço.

Fique com DEUS.