* Dulce suava e tremia.
Todos saíram da sala, ela ficou solitária.
 
Arrependida das palavras severas que disse à colega, ela lamentou bastante a briga.
 
Os motivos eram bobos, a discussão poderia ter sido evitada, enfim, nada justificava o tamanho daquele conflito.
 
No dia seguinte, Dulce notou os colegas arredios.
Nenhum deles a criticou diretamente, entretanto havia uma espécie de pacto favorável à colega envolvida na briga.
 
Conversavam com ela apenas o inevitável, contudo agiam com simpatia e parcialidade em relação a outra funcionária.
 
* O fim de semana foi difícil.
O tempo anunciava sol, no entanto um vendaval incomodava Dulce.
A jovem tentou esquecer a ocorrência, mas não conseguia.
 
Imaginou a possibilidade de ligar para a rival, porém logo desistiu.
Considerou um absurdo recuar, pois possuía a convicção de que não cometeu qualquer erro.
O orgulho prevaleceu.
 
Na segunda, resolveu ir ao médico.
Já adiara uma consulta importante há um bom tempo.
Além de cuidar do corpo, tinha o pretexto ideal para não ir ao trabalho.
 
No final do dia, dispensou o namorado.
Ele quis ajudar, propôs conversar, no entanto ela preferiu ficar só.
 
* Mergulhada numa grande melancolia, ela conferiu os e-mails.
Foi surpreendida quando viu uma mensagem enviada por Júlia.
 
Júlia era uma funcionária que trabalhava no turno oposto.
Às vezes, quando Dulce chegava, encontrava Júlia saindo.
Tirando as saudações formais, as duas mal conversavam.
 
O e-mail dizia:
 
“Querida Dulce.
 
Tudo bem?

Soube que houve um desentendimento com uma colega,
fiquei preocupada contigo.

Se precisar conversar, me procure!
 
Um beijão da amiga Júlia!”
 
Dulce experimentou uma fortíssima emoção.
Jamais ela imaginou que Júlia, uma pessoa aparentemente distante, revelaria tanta amizade num instante delicado.
 
Júlia não buscou detalhes, não questionou os atos, apenas estendeu os braços, ficando preocupada com a “amiga”.
 
Dulce adormeceu aliviada e serena como se um remédio mágico tivesse invadido o seu organismo.
 
* Na terça, acordou muito disposta e resolveu chegar cedo.
Ela queria encontrar Júlia, agradecer o carinho e, principalmente, lhe dar um abraço afetuoso.
 
Provando que as palavras gentis e doces de Júlia renovaram seus pensamentos, aquecendo suas disposições íntimas, Dulce queria mais.
Ela planejou conversar com o grupo de trabalho, pedir perdão a todos e propor uma sincera reconciliação à colega a qual nunca foi uma rival.
 
Ela recordou que existiu uma Dulce tão cheia de amor na Terra.
 
A mente, trazendo a lembrança da inesquecível irmã Dulce, seguia o incentivo do coração ansioso por recomeçar, harmonizar e conviver bem.
 
A mensagem de Júlia despertou um incrível e profundo estímulo.
Júlia conseguiu quebrar as algemas do tolo ressentimento o qual Dulce insistia em nutrir.
 
* As palavras fraternas da “querida amiga” demonstraram que, no meio da maior discórdia e da fria desunião, sempre existe o convite precioso do amor, o principal sentimento o qual inspira quem verdadeiramente sabe aproveitar a vida.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 07/09/2013
Reeditado em 07/09/2013
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