CURVILÍNEA
Eu tenho caminhado muito frequentemente com o Cássio, no Parque da Independência, aqui perto de casa.
Com o tempo não pude deixar de observar algumas pessoas que fazem o mesmo.
Uma dessas pessoas, uma mulher, em particular me chamou a atenção.
Ela corre o tempo todo fazendo curvas.
Numa dessas curvas da vida eu a encontrei e falei: Bom dia! posso falar com você?
Ela parou e me respondeu simpaticamente: Bom dia, pois não!
Eu lhe perguntei: Você corre assim, fazendo círculos por alguma recomendação de algum físioterapeuta ou isso é alguma técnica de educação física?
E ela me respondeu que não, mas que fazia aquilo apenas porque não curtia a reta em nada na vida e porque apreciava a beleza saudável de todas as curvas.
Eu concordei com ela e até mencionei a genialidade do nosso grande arquiteto Oscar Niemeyer que sempre se baseou nas curvas em todas as suas obras artísticas, tais como o côncavo e convexo, no congresso nacional, em Brasília, e até mesmo no edifício Copan, em São Paulo e etc.
Ela concordou com isso mas me falou que quem segue a reta sofre menos do que quem segue as curvas.
Segundo ela seguir a reta seria seguir a razão e seguir a curva seria seguir a emoção.
Cheguei a comentar que pelo menos seguir as curvas seria melhor do que seguir uma vida tão repetitiva e vegetativa.
E depois de se despedir com um sorriso simpático e radiante ela seguiu na sua corrida diária, saudável e tão elegante.
Eu segui a minha caminhada em lado oposto ao dela e refletindo sobre aquela nossa breve conversa e fiquei arrependido de não ter me lembrado e citado como exemplo fundamental da importância das curvas o simples fato de que sem elas Deus não teria criado a sua obra-prima: a mulher!
Mas ai já era tarde e a curvilínea já estava longe dessa minha inspiração.
Desde então sempre que eu cruzo com ela numa das suas curvas eu a cumprimento assim: Bom dia curvilínea! E ela me responde sorrindo: Bom dia! E segue na sua corrida tão típica.
O que resta e interessa é que caminhadas e corridas, curvilíneas ou retas, sempre continuarão pela vida à fora.
E o meu amigo de caminhadas e aventuras, o Cássio, que o diga...