O COLCHÃO

Moro em apartamento. Poucos moradores. A vedação para ruídos é péssima, ouvimos tudo o que acontece no andar superior ou inferior, isso sempre causa algum constrangimento.

Há uma semana o sindico bateu na porta do meu apartamento. Meus filhos tinham vindo me visitar e conversávamos alegremente sobre os acontecimentos passados. Eu estava feliz, eles conheceram a minha namorada e ela foi recebida cordialmente no inicio e depois efusivamente. Todos gostaram dela, simples, meiga, bonita. Como eles mesmos disseram. Excelente escolha.

Hoje faz uma semana desde esse acontecimento. Minha cama faz muito barulho, as vezes que fizemos amor tínhamos que ficar calados, sufocando os gemidos, e nos movimentando o mínimo possível.

Ela olhou-me com aquele olhar de criança arteira. Eu a olhei com olhar de homem, desejoso de ter aquele corpo por inteiro.

Fui até a geladeira. Peguei o vinho... Duas taças. Ela entrou para um banho. Retirei a camisa. Estava calor. Resolvi fazer uma surpresa. Afastei o sofá. Puxei a mesa de centro para o canto. Coloquei o vinho em um recipiente com gelo. E as duas taças ao lado.

Apaguei todas as luzes, acendi o abajur. Coloquei uma musica suave. Peguei o colchão do quarto de hospedes e o joguei no local onde antes ficava o sofá. Peguei os travesseiros do meu quarto.

Ela saiu do banho e foi para a minha cama em meu quarto. Entrei no banho, e o fiz rapidamente, quando voltei ela estava nua com a luz acesa me esperando. Sorriu... Não tinha visto os meus preparativos. Recostei-me no batente da porta, a toalha enrolada no corpo.

--- você não vem... Disse ela, olhando-me com carinho.

--- não. – Retruquei observando sua reação.

--- como assim... Seus olhos ficaram agitados.

Sorri.

--- venha, eu preparei outro local, ali não vamos ter o barulho da cama... A musica vai encobrir nossos gemidos, e poderemos nos amar sem constrangimento.

Ela sorriu.

Segurei em sua mão... Senti o seu corpo quente tocar o meu. A toalha caiu. Puxei-a rapidamente até a sala. A penumbra do abajur deixava o ambiente agradável, a musica era excitante.

Comecei beijando sua boca. Depois o seu corpo inteiro. Em poucos minutos, éramos um só corpo, uma só vida, um só pensamento.

Amamo-nos a noite inteira. Cansados, dormimos. Ela se aconchegou eu meu peito, e eu a entrelacei eu meus braços.

Amo-te. Dorminhoca.

Ninguém bateu a porta. O sindico chato, também dormiu tranquilo.