Entendi, senhor!

Entendi, senhor!

A resposta certa é sempre a esperada e, assim, continua-se a repetir a decoreba do conhecimento para responder ao jogo da aceitação. Espera-se que o contrário fosse acrescentar e que a soma de teorias resultasse numa dialética, todavia, ignora-se o caminho do outro, busca-se menoscabar arcabouços para que, dessa maneira, estabeleça-se uma única verdade.

A pergunta merece a concordância, discordar gera uma emulação e, o que seria uma soma, se subtrai e diminui por causa de opiniões não comungadas. Não se busca respostas, porém, conceitos. Todos querem a sua verdade, a sua opinião “embasada”e ditam e delimitam percursos; é o conhecimento se metrificando e se castrando.

Passamos pelo Cartesianismo, pelo Positivismo e estamos onde? O conhecimento deixou de responder aos métodos, será? Deixou de passar pelas etapas que o Positivismo apontou, será? Estamos presos a uma ordem e a uma violência discursiva. Muitos falam, mas o entendimento está comprometido. Deturparam e criaram novos mecanismos contínuos para contribuir com o massacre do desenvolvimento humano. Novas direções foram dadas, caminhos determinados, mas tudo está eivado de más intenções no jogo do conhecimento. Proselitismos estão na moda e cada qual erga a sua bandeira e brigue por ideais unilaterais. Sim, o egoísmo está moldando a liberdade do sujeito e fazendo-o criticar, sempre, segundo quem. O ser reflexivo já não reflete, porém, repete.

O livro da vida precisa de ser escritos por pensantes, por aqueles que perguntam e esperam a resposta, menos óbvia, e a que vai de encontro a pergunta feita. O crescimento dar-se-á no desequilíbrio e não no “sim, senhor”.

Tempos de crise no homem; tempos de confusão no conhecimento. O rio parece ser sempre o mesmo e quem o atravessa, apenas, se molha, todavia, não há mudança, há, apenas, uma vontade, porém, cerceada, por conseguinte, tudo está estagnado e sem movimento; movem-se teorias, não soluções.

Resta, apenas, rabiscar uma ideia e esperar a pedra do néscio, ouvir o seu argumento ditador e responder com a sabedoria irônica:

- Entendi, senhor!

Mário Paternostro