O Cego da Boa Vista

Oi. Sou Ricardo, tenho 25 anos, solteiro, cego, pensionista do INSS; mas não sou um preguiçoso bancado pelo Governo. Gosto de ajudar as pessoas. Moro no bairro Boa Vista, onde há uma casa de apoio a deficientes. Os moradores de lá me adoram, dizem que minha visita faz bem, e faz mesmo, pelo menos pra mim.

Como falei anteriormente, sou cego, aconteceu, quando eu era criança.

Estava eu, batendo uma bolinha com os amigos e de repente vi que estava atrasado, ouvi minha mãe me chamando desesperadamente. No caminho pra casa escorreguei e me esbarrei no arame que cerca minha casa. Doeu muito, principalmente quando me vi em total escuridão.

Até hoje não me acostumei com esse jeito de ver o mundo. De uma coisa eu tive e tenho certeza, não dá pra viver se lamentando. A vida segue e mesmo sem enxergar a felicidade, eu decidi senti-la, vivê-la.

Hoje dedico meu tempo ao Coach Ball e à casa Eficientes, a casa de apoio do meu bairro. O Coach Ball surgiu na minha vida, quando eu percebi que faltava alguma diversão nela, um lazer. Procurei de todas as formas preencher esse vazio. Fui a estádios de futebol, senti a vibração da torcida, mas aquilo não mexia muito comigo, não conseguia ver o que levava aquelas pessoas ao delírio. Mas como falei anteriormente, não desanimei. Um dia no meu trabalho voluntário apareceu um amigo de um paciente e me falou sobre o Coach Ball, achei muito interessante e decidi conhecer. Fiquei apaixonado pelo esporte, não requer muito esforço físico, mas tenho que pensar muito em como jogar a bola pra ganhar mais pontos.

Toda vez que vejo meus amigos, falo sobre o Coach, recomendo que pratiquem, mas eles sempre me zoam: “Lá vem o cego da Boa Vista com o Coach dele”.