A modernidade, Zé

É, Zé, nada mais é como em sua época. A futilidade está tomando conta de absolutamente tudo, até quando descobrem que podem ser ouvidas, as pessoas ignoram, preferem continuar a serem enganadas. A existência de alguém de verdade é algo raro hoje em dia, o mundo está repleto de gente de mentira, gente-máquina, que finge sentimentos, revoltas, inteligência, mas que não tem nada. Duvido que haja alguém que possa encontrar forças e ir contra a tudo isso que impõem.

As pessoas mentem umas para as outras como se fosse a coisa mais normal do mundo, mentem para se favorecer. E eu, que desde a infância fui ensinada a não ter egoísmo, nem mentir para prejudicar alguém, agora vejo que é o que mais fazem; acredito fielmente que deveria ter uma turma de socialização não para os pequeninos, mas para os mais velhos, que esquecem como devem conviver, que só se importam com si mesmos, que maltratam os outros e o que é importante para eles. E tantos que antes tinham medo de dormir por causa dos pesadelos, agora perceberam que os maiores pesadelos acontecem quando se está acordado.

Sem falar da mediocridade de algumas pessoas, que vivem para viver a vida dos outros, viver de fofoca e falando mal dos outros, na sua época também era assim? São tantas demonstrações de carinho sem sentimento algum, tantos abraços que mais parecem facadas, tantos beijos que parecem uma lâmina cortante. Creio que antigamente não era assim e, ainda pior, creio que a tendência seja piorar. E peço-lhe perdão por estar vomitando todas essas borboletas mortas frutos de frustrações vividas, de revoltas ‘imaturas’ e lutas inacabadas. Peço-lhe perdão, pois não são só coisas ruins que circundam nossas vidas, nessa peneira que é a vida, sempre há, pelo menos, alguém que valha a pena, alguém que vai fazer tudo isso de ruim ter algum sentido, e só se percebe a chegada desse ‘alguém’ quando se obstrui e se atravessa os obstáculos, é como dizem ‘primeiro a chuva, depois o arco-íris’.

Aninha Torres
Enviado por Aninha Torres em 14/09/2013
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