Essa notável senhora  -uma ícone de arte e competência-com aproximadamente 80  anos e certamente uns cinqüenta carnavais interpretando em palcos e teatros,já fez inumeros filmes, todos em níveis elogiáveis,pelo público e pela critica, pela competência,dedicação e carinho ao que realiza e realizou – a arte de interpretar- concedeu no dia 4 de novembro de 2012, no Caderno de Cultura, página D11, do ESTADÃO,uma entrevista à jornalista Sonia Racy. Até aí nenhuma novidade... mas o que FERNANDA MONTENEGRO demonstra é sua imensa capacidade de sobreviver com imenso talento, sem o “oba-oba” que envolvem  certos artistas- bons ou medíocres- geralmente querendo sair na mídia insana, na equivalência de jornais e revistas do gênero ,parafernálias,fuxicos, CARAS, etc,etc. Quer distância de holofotes e até do fotógrafo,que acompanha a jornalista.  Acha que já tirou todas suas fotos as necessárias e suficientes,para a entrevista e gentilmente, pediu para parar. 

FERNANDA MONTENEGRO pelo que disse é nosso orgulho e um exemplo a ser seguido pela mulher brasileira, eis porquê: sempre preservou a intimidade, ou seja- como diz- “não é nem a intimidade.É algo mais profundo.Em algumas tribos, o índio tem seu nome público para ser usado na tribo.O outro nome só ele e o feiticeiro da tribo, responsável pelo seu “batismo” sabem qual é. Esse nome particular íntimo,misterioso,é sua essência” , explica. Acompanhada discretamente pelo seu marido Mauricio Machline, num hotel em São Paulo, já avisa: “ é avessa a entrevistas que não são dirigidas por assunto específico,como uma estréia de teatro”. Agora está montando sobre Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir que pretende fazer com Sérgio Brito. Olhar calmo, quase piedoso pelos circunstantes, mas firme como uma deusa!

Sobre a pergunta de assédio da imprensa diz: “ Hoje é quase impossível. Tem imprensa e imprensa. Essa industria maluca das revistas de “celebridades” é por demais invasora. E muitas das “celebridades” vivem de se expor. Cada vez mais, as entrevistas são mais íntimas... Eu,na minha sensibilidade,na minha forma de defesa, preservo um cantinho onde sou realmente eu”. Sobre política diz claramente: “ Eu não quero falar sobre isso,compreende? Estou falando, mas não domino o texto dessa peça, não estou por dentro dessa “informação”. E arremata: “ Em matéria de política eu não sou e nunca fui vivandeira de partidos nem governos”.

Embora a matéria do ESTADÃO não trate desse assunto,  certa feita, quando se noviciava um presidente da República,em Brasília, essa notável dama, foi oficialmente convidada a ser MINISTRA DA CULTURA... dias depois, devolveu o honroso convite com um solene e delicado NÃO, pois só queria continuar sua vida no teatro!!  Eis o exemplo aos políticos e oportunistas de plantão para conquistar cargo neste País. Ela rejeitou, uma oferta que muitos chamariam de “irrecusável”!

Jornalista: Você votou no Lula? R: “A minha idade me dá o direito de não votar. Passei a assistir o que se passa.Minha contribuição é trabalhar e pagar 1/3 de tudo que eu ganho com impostos.Pertenço a uma geração que sobreviveu a tudo tipo de engajamentos  e ideologias.Infelizmente não sou uma cientista política, nem jornalista especializada.A pergunta a ser feita é: porque um operário chegou ao poder se antes havia ali um acadêmico,professor, com grande capacidade cultural e administrativa? Temos que olhar o caminho de todos esses governos que precederam ao atual.A gente conta a história da nossa república por meio de conchavos  inimagináveis”. “Sou uma filha de operário”...sei na pele.”Sei é que dei certo.É porque já trabalhei muito.E hoje muito mais”. ETA MULHER PORRETA!!!