QUAIS OS SEUS ARREPENDIMENTOS?

No decorrer de nossa existência, é comum termos arrependimentos, principalmente, quando agimos sob o efeito da raiva ou de aborrecimentos. O que não é comum, é analisarmos a forma como agimos ao sermos possuídos por eles, permitindo o risco de incorrermos nos mesmos erros e transformá-los em condicionamentos.

Tenho procurado, neste espaço literário, levar uma reflexão àqueles que compartilham comigo, justamente por já ter vivido e vir superando iguais experiências.

Em meu recente passado, comecei a me preocupar com o mesmo retorno que obtinha, quando me arrependia de algo – nada saía como eu planejava. Puxa vida! Já não bastava esclarecer o motivo que me levara a cometer o erro, pedir desculpas e até perdão? Que mais queriam de mim? Foi, então, que resolvi analisar meus momentos de arrependimento.

Precisava saber o que eu sempre pretendera em cada um deles. Encontrei variadas motivações. Queria ter de volta o que perdera, livrar-me de uma situação incômoda, ou impor meu ponto de vista. Surpreendi-me ao observar que, em qualquer dessas situações, meu foco estava voltado para meu bem-estar e conforto, talvez até porque, ficar calada em muitas das vezes, seria ter que assumir suas conseqüências, fossem quais fossem.

Até então, todos os motivos acima apresentados, eram plenamente justificáveis para mim. No entanto, sob a ótica de um novo olhar, constatei que nunca havia reconhecido um só erro, partido de minha própria percepção – eu era, pois, a dona de todas as verdades.

A partir dessa conscientização, procurei conter minha impulsividade e me colocar no lugar do outro, para melhor entendê-lo, antes de julgá-lo.

Fiquei realmente impressionada. Em todas as ocasiões passadas, vi surgirem as opções corretas que deveria ter tomado, não fosse meu descontrole emocional. Pude sentir que, mesmo tentando me furtar de responsabilidades futuras, a falha era minha, pois terminava por fraquejar, no momento certo para me impor e deixar que cada pessoa assumisse as conseqüências de seus próprios erros.

Não vou negar que é muito difícil mudar uma postura que já se instalou e passou a ser quase um hábito. Vez por outra, ainda escorrego. O importante é que percebo a tempo e corrijo. A palavra chave é disciplina. É ouvir mais e falar menos. Deixar baixar a poeira e dialogar depois, para termos melhores argumentos e tempo suficiente para sabermos se estamos certos.

Sei que existem pessoas fechadas ao diálogo e que este é um problema sério nos relacionamentos em geral, mas, principalmente, entre casais, pois a tendência é procurar apoio no lugar errado.

Digo errado, porque fica bem mais fácil falar de nossas razões, sem reconhecer nossos erros. Tem sempre um ombro amigo para nos acolher e nos oferecer o que queremos ouvir. Aí reside todo o perigo desse jogo, pois colhemos cartas falsas. Melhor é seguir o que a vida nos ensina – toda convivência tem seus altos e baixos. O bom pescador não joga rede em mar revolto, ele espera paciente por ondas calmas, na certeza de que vai encher suas cestas com bons peixes...

Ercy Fortes
Enviado por Ercy Fortes em 19/09/2013
Código do texto: T4488676
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