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Grill-ada!
 
O grill! Tal qual ela tinha imaginado. Depois de tanta procura, ei-lo! Enlevada ouve o rapaz explicando conforme foi treinado pela loja: “Completo! Além de sanduíches, grelha carnes, frangos, peixes, ovos e legumes mil! O jantar prontinho de uma só vez, sem bagunça na pia, sem  panelas pra lavar, sem fogão engordurado. Já pensou que  mão na roda?
 
Ela já convencida, embevecida, vai se enamorando cada vez mais. O vendedor, atento se entusiasma: “E o design? Olha que prático! Pés extensíveis, trava de segurança, luzinha vermelha e verde. A primeira para aquecer. A segunda para avisar a temperatura ideal. Outras por aí, não têm isso, tem?” Não. Não têm mesmo! Intimamente  ela despreza todas as outras... Achou o grill de seus sonhos.
 
O vendedor espera, sondando. O clássico “Vou dar uma volta por aí, se resolver eu volto.” ainda não foi dito, e ele se anima: “Olha o compartimento para depósito das gorduras! É desencaixado, superfácil de mexer. E quando a gente pensa na saúde, hein, dona Rute? Colesterol nas alturas, pressão alta, nunca mais. Adeus gorduras! Então, vamos levar? Esse é  último”.
 
O último? Ela se apavora. Pensa nas mil razões enumeradas, e se detém na principal, que o vendedor nem desconfia: “Combina direitinho com o forno elétrico que o Jurandir me deu no Natal!”. O grill lhe envia um sorriso inox-prateado! Como o forno! Que par bonito, na mesma linha! Vão valorizar a pia em  São Francisco, da cozinha. Ai, que chique! Perigosamente a imagem toma conta de seu ser e ela diz numa firmeza espantosa: “É minha!”
 
O Master Press e o forno da Black: “Ah, que harmonia! Os dois em inox, combinadinhos! Agora, ao almoço, que o maridão tá pra chegar.” Ah, o Jurandir vai levar um baita susto com a nova aquisição! Vai adorar! Adeus colesterol do seu amado pra mais de 300! Filés de frango temperadinhos, hora de ligar o Master. Pluga o cabo e espera, cantarolando Roberto como sempre lhe acontece quando está contente...
 
Ué! O Master nem dá sinal! Puxa, será que veio com defeito? Né possível! Lê e relê o manual de instrução. Tudo certinho. Não tinha esquecido nada. Vira o aparelho de pernas pro ar, procura algum botão de “ligue”. Nada. Pesquisa cada cantinho, dos pezinhos à tampa, abre, fecha, dá umas batidinhas de lado. Em vão! A voltagem! Ok! Tá tudo nos conformes! Então por que o treco não funciona?
 
Liga pra loja, manda chamar o Ronnie Carlos, seu competente vendedor. Ronnie está um tanto frio (ah, que calculista!) ao telefone. A voz meio metálica recomenda: “Dá uma chegadinha na autorizada, dona Rute. Fica aí na João Saraiva, pertinho da senhora. Essas coisas, melhor mesmo é quem sabe...”. Um tanto abatida, ela desliga. Mais ainda, porque acaba de ouvir a chave na porta da frente: “Nossa, já é o Jura, para o almoço? Juras? Tô enrolada!”.
 
O Jura é gente boa. Não cria caso com dona Rute. Com paciência, ouve aquela que há vinte anos é sua musa, e se compadece de sua aflição. Põe-se  a examinar Míster Master, resplandecentemente inox, ao lado do forno Black. Num instante  a luzinha vermelha se acende e Jura grita exultante: “Tá resolvido, queridona! Coisinha simples! Cê tinha era ligado o cabo do forno, amor!”