RASTROS DE LAMBARI – III



                      Magro, rosto consumido, pele escurecida ao sol enxuto de Minas, dentes precários, ainda jovem, olhar perdido em si mesmo, PIPA, seu apelido. Rapaz que fala sozinho e não responde perguntas; quando quer alguma coisa pede e não aceita o que não pediu. De vez em quando está numa esquina agitando os braços, daí seu codinome PIPA. É uma pessoa que se camuflou na paisagem de Lambari de tal forma que não é notado, a não ser como mero objeto da referida paisagem... Esquisito, não dá pista clara do que se passa com o íntimo que o trai, talvez lhe trazendo uma percepção incompleta ou deformada da realidade. Mostra-se distanciado do mundo e dos fatos que o cercam, mas demonstra que vê, percebe e sente, entretanto, não alcança, não chega com nitidez onde os outros estão; parece estar detido num presídio no subsolo da mente... O fato é que sempre encontramos com ele pelas ruas do centro, porém não sabemos se está descalço, com frio, com fome... e três passos a frente ele deixa de existir... (Jorge Lemos)


Autor dos livros São Thomé das Letras e o Pacifista e Mensagens Para Você.


 
Silva Lemos
Enviado por Silva Lemos em 24/09/2013
Código do texto: T4495650
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