ENEM. A PODRE CABEÇA DO PEIXE. "PAIDEIA".

PUBLICO PARA CONSCIENTIZAÇÃO DA PARALISAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL COMO VERSADO PELOS TEXTOS.

CELSO

Ah, se esse ditado se aplicasse à inteligência e ao saber: "Diga com quem tu andas, que eu te direi quem és"!

Tenho uma sobrinha, que é uma das diretoras de um Colégio estadual em BJ. Estudiosa. Há pouco, teve um trabalho seu premiado pela Secretaria Estadual de Educação. É para perguntá-lo se posso mandar-lhe este tema do ENEM, onde você "aparece em azul" ... mas devia aparecer em dourado.

Pery.

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PERY, PROVA DO ENEM, TEXTO MEU ENTRE OUTROS SOBRE A PAIDEIA GREGA, SISTEMA DE ENSINO QUE O PROFESSOR FAZ INSTIGAR O ALUNADO.

FIZERAM UMA COLETÂNEA DE TEXTOS PARA O ENEM E INDICARAM A FINALIDADE, ONDE O TEXTO FINAL DE MINHA AUTORIA SERVE DE PARÂMETRO.

MOSTRAM OS TEXTOS A PARALISAÇÃO DA EDUCAÇÃO. E FORMIDAVELMENTE APONTAM QUE O PEIXE COMEÇA A APODRECER PELA CABEÇA. É O QUE ACONTECE COM O BRASIL. E PEDEM INTERPRETAÇÃO EM CARTA DO TEXTO MEU IRMANADO AOS OUTROS.

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Disciplina: Redação ·

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Instruções:

* Leia toda a coletânea e selecione os elementos que julgar relevantes ao desenvolvimento de uma das propostas apresentadas. Não pode haver uma simples cópia ou paráfrase de trechos da coletânea. Os elementos selecionados precisam ser bem articulados de forma a revelar poder de reflexão e uma leitura crítica dos textos e também do mundo.

* O seu texto deve ter uma extensão mínima de 30 e máxima de 40 linhas.

* Não fuja do recorte temático nem do gênero textual escolhido.

Tema: “O peixe fora d’água começa a apodrecer pela cabeça.”

a)

A sociedade de consumo contemporânea é da simplificação ordinária, dos esquemas, dos cálculos mecânicos, do receituário, da cultura especular (simples reprodução), das fórmulas difundidas à exaustão pelas “máquinas” da comunicação.

Predomina nesse contexto o mal da indiferenciação, da perda das referências tradicionais e dos significados. Trata-se de um cenário em que tudo se dilui, em que a reprodutibilidade cega.

BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. (Adaptado)

b)

A necessidade de cultura é, normalmente, um produto da educação, não de dons supostamente inatos de indivíduos bem-dotados por natureza, pois a obra de arte existe significativamente para quem tem meios para decifrá-la, o que depende de familiaridade com ela, só adquirida pelo ensino. Assim, aqueles que foram privados de uma eficiente educação estão desarmados do conhecimento das tradições e das regras da linguagem artística, excluídos das significações organizadas de um conjunto de saberes acumulados. De modo que depreender a essência dos trabalhos artísticos torna-se privilégio da restrita classe que teve posse do saber instrucional e, por consequência, do saber cultural.

RIDENTI, Marcelo. O mito do gosto inato. Folha de S. Paulo. São Paulo, 1º nov. 2003. p. E2. [Jornal de Resenhas].

c)

Os nossos dias estão marcados pelo rebaixamento do gosto, pela preguiça mental, pela cultura do mentex, pela redução do conhecimento ao primarismo da fórmula eu gosto oueu não gosto. Qualquer inepto considera que seu gosto é mais importante do que a obra de Dante ou de Machado de Assis. Como se o gosto também não fosse construído por valores. Ora, a cultura é precisamente o espaço para a educação, a depuração e a elevação do gosto.

FRANCISCO, Severino. O poético e o trágico. Correio do Livro da UnB. Ano I, nº I, Brasília, out./dez. 2000. p. 22-3. (Adaptado).

d)

Quando havia arte, se dizia que, vez por outra, a vida a imitava, mas, nos tempos que correm, a vida tem imitado é a TV mesmo. E, o que é pior, naquilo que ela [a TV] tem de mais artificial e cretino. Assim, o engodo vence, as caixas registradoras tilintam (fatura-se alto com índices fabulosos de audiência) e o telespectador, goste ou não, segue sendo submetido aos caprichos do deus marketing.

ABRAMO, Bia. A bunda metalinguística de Celebridade. Folha de S. Paulo, 30 mai. 2004, p. E8.

e)

A cultura tem estado no centro de importantes debates. Política cultural é tema amplo, que costuma oferecer a oportunidade de verificar o compromisso dos governos com a promoção social de seus cidadãos. Cabe ao Estado um papel forte como formulador de uma política cultural que garanta a livre expressão da criatividade, a formação e celebração de talentospara as artes e o direito de todos a usufruir o que de mais belo e instigante a humanidade produziu. Nesse sentido, política cultural é intervenção permanente, que deve democratizar o acesso aos bens culturais. Hoje muito se fala em inclusão social e, no campo da cultura, incluir é franquear o acesso de um número representativo de indivíduos às manifestações culturais. São necessárias parcerias inteligentes como o Projeto Guri, que contempla a formação de pequenas orquestras de crianças e jovens

em situação de risco social. É lançar programas que estimulem a leitura num país tem obtido os priores resultados em avaliações internacionais de qualidade de educação, porque a juventude não tem o hábito de ler. É estimular a população a frequentar museus, teatros e cinemas, com tudo que cada Estado tem a oferecer. O acesso à cultura é um direito do cidadão e os bens culturais de chegar à massa. Ela precisa testá-los, sentir o seu gosto, submetê-los a seu paladar. Investir em cultura é um ato tão transformador quanto construir um hospital ou uma escola. Uma das formas mais legítimas de combate à violência está na inclusão cultural.

COSTIN, Cláudia. A política-vida e a cultura. Folha de S. Paulo, 1º jun. 2003. p. A3.

f)

A globalização tende a homogeneizar comportamentos, manifestações artísticas, inclusive a música. Contra essa padronização, devem surgir estratégias de reforço da identidade local. Assim, num sentido profundo, a preservação da música de cada povo talvez seja a resistência final à aculturação e à mercantilização. Esse ideal humanista, no entanto, só será alcançado se primeiro a música for revalorizada, já que, de todas as artes, a menos conhecida entre as pessoas com cultura geral é a música. Em outras palavras, um sujeito culto deve se interessar por cinema, pintura, escultura, teatro e também por música.

NESTROVSKI, Arthur. Contra o barulho, contra o silêncio, contra a loucura. Folha de S. Paulo, 1º nov. 2003. p. E4. [Adaptado].

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g)

Uma das maiores doenças intelectuais da atualidade é a ausência de vida artística.

RUSHDIE, Salman. (Escritor oriental)

h)

Antes, nossa eterna dificuldade de desenvolvimento nos levou a uma supervalorização da cultura como um substitutivo para nossa política. Agora, a nossa cultura rica está ameaçada de pobreza para sempre. Incrivelmente nossa miséria era um estímulo ao avesso. Até a ditadura foi um incentivo para a criação. Mas agora a globalização, com seu cheiro de progresso mercadológico, tem provocado um verdadeiro trauma na nossa cultura. O que vemos no Brasil hoje é o espalhafatoso crescimento da cultura de massas sem traços de tradição, num descaramento cultural só igualado pela bruta corrupção da vida administrativa. Nunca tivemos tanta vitalidade na ala estúpida da vida brasileira, domina-nos a baixa democracia da ignorância.

Estamos correndo perigo; a luta pela cultura brasileira é mais sutil, mas tem de continuar. Precisamos urgentemente de imaginação popular e política.

JABOR, Arnaldo. Vivemos a grande pagodização da cultura brasileira. O Popular. Goiânia, 13 abr. 1999. p. 3.

i)

A cultura brasileira, com as suas várias origens, com o processamento extraordinariamente integrado, é um índice do que o país precisa ser. Esse povo mestiço e essa cultura sincrética que produzimos têm que estar na base de qualquer salto futuro. Criamos formas culturais, produtos estéticos e informações novas. Somos um povo que pode investir energias, inteligência e vigor na construção de novas possibilidades, na construção da arte, na modelagem de novos possíveis cenários para o país. O Brasil, como dizia Oswald de Andrade, não pode continuar sendo um país de escravos que teimam em ser homens livres. Por isso, precisamos alcançar autonomia em diversas áreas, precisamos diminuir a importação de componentes supostamente culturais que agridem a nossa identidade como povo e como nação.

GIL, GILBERTO. A Tarde. Salvador, 5 jan. 2003.

j)

Hoje, a compreensão de fenômenos, naturais ou não, tornou-se imprescindível ao ser humano que se quer participante ativo de um mundo complexo, onde coabitam diferentes povos e nações, marcados por uma enorme diversidade cultural, científica, política e econômica e, ao mesmo tempo desafiados para uma vida em comum, interdependente e globalizada.

Compreender fenômenos significa ser competente para formular hipóteses ou ideias sobre as relações causais que os determinam. Ou seja, é preciso saber que um determinado procedimento ou ação provoca uma certa consequência.

RELATÓRIO PEDAGÓGICO 2008. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Brasília, jun. 2009.

l)

Que seria da humanidade sem as conquistas novas do pensamento? Espera-se que cada pessoa cultural e intelectualmente instruída converta-se numa espécie de mestre. E mestre não é um simples mensageiro do conhecimento. É e deve ser sempre um motivador do surgimento do debate de novas ideias sobre o que já está posto. Só assim se chega a um novo conhecimento. Cada um deve ser um instrumento de instigar o outro a pensar e rebater. Se assim não for, pouco teremos de avanço na humanidade, nenhuma doutrina se alargará, mergulharemos nas profundezas da estagnação, o pensamento involuirá. É preciso, portanto, insistir na ideia de que cada um é um motor pessoal de investigação que motiva, discute e

distingue novos rumos. O ser humano que em sua trajetória de formação não enfrenta o novo, o diferente, o desconhecido não em chance de sair da prisão da mediocridade. Nunca será criativo ou interessante. Será apenas repetitivo do que colher sem interferir acrescentando, criticando, discutindo a corrente que se apresenta.

PANZA, Celso. Acesso à Paideia, inteligência superior. Disponível em:< http://www.dominiocultural.com/ver_coluna.php?id=12885&PHPSESSID=wgjzhbmb>.

Acesso em: 28 jan. 2010. (Adaptado).

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PROPOSTAS

A – Manifesto

Tenha em mente o seguinte dito popular: O peixe fora d’água começa a apodrecer pela cabeça. Imagine que você seja um educador brasileiro bastante preocupado com o declínio intelecto-cultural que vem atingindo parte considerável de nossa população. Mesmo consciente de que uma ação solitária talvez pouco altere a realidade nacional, você se propôs a produzir um manifesto com o objetivo de tentar sensibilizar os brasileiros que ainda têm algum desejo de ver os valores do espírito mais prezados pelos componentes sociais. É seu intento fazer com que o manifesto comece a circular nas escolas, nas academias de ginástica, nos shoppings e em outros locais com maior aglomeração de pessoas. Em seu texto, você procurará:

1) evidenciar sua insatisfação com o pouco caso demonstrado por muitos quanto à intelectualidade e às produções culturais;

2)formulará justificativas e as consequências para o referido declínio; e

3) convocará os leitores a aderir à causa pela qual você está lutando, especialmente esperando que eles sejam multiplicadores da mensagem do manifesto por você produzido.

B – Carta pessoal

Veja-se na condição do jurista Celso Panza, autor da letra “l” da coletânea. Ele afirma, como ilustração, que “mestre não é um simples mensageiro do conhecimento. É e deve ser sempre um motivador do surgimento do debate de novas ideias sobre o que já está posto”. Ligando essa e as demais noções ao tema em análise, escreva uma carta a um possível amigo que more em outra cidade há certo tempo. Vocês, pela amizade que vem de longe, mantêm uma correspondência regular em que tratam de vários assuntos ligados sobretudo à vida intelectual e cultural brasileira. Sabendo que o amigo está agora concluindo um curso superior que lhe permitirá atuar na área da educação, você decidiu escrever-lhe para levá-lo a pensar mais detidamente sobre a responsabilidade que as mentes mais instruídas têm quanto à formação de outras mentes que também tenham uma forma de vida mais direcionada à dimensão do espírito. Redija a referida carta sem perder de vista os traços fundamentais do ênero em foco.

Atente a estas informações sobre a carta pessoal:

Escrevemos uma carta pessoal quando queremos nos comunicar com alguém próximo de nós, como amigos ou familiares. As características desse gênero textual são simples, ou seja, não possuem muitas regras e estrutura rígida a serem seguidas.

Vejamos: a) o assunto normalmente é livre, na maioria dos casos de ordem íntima, sentimental (Nos vestibulares, contudo, existe um comando de redação que delimita o assunto); b) o tipo de linguagem acompanhará o grau de intimidade entre remetente e destinatário, cabendo ao redator verificar se pode usar termos mais populares ao não; c) quanto à estrutura, a carta pessoal deve seguir a sequência: local e data escritos à esquerda – ou à direita –, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura (no caso dos vestibulares, haverá assinatura só se o sujeito da escrita não for o próprio candidato); d) cobra-se contato contínuo com o destinatário, e isso precisa ser buscado com o uso de vocativos, formais verbais e pronominais de segunda pessoa, função apelativa da linguagem, perguntas direcionadas ao interlocutor, etc.

Observação: como o grau de intimidade é variável, o vocativo, por consequência, também: Minha querida, Amado meu, Querido amigo, Estimado filho, etc. (a pontuação após o vocativo normalmente é a vírgula). Assim também é em relação à despedida, que pode variar entre Adeus, Saudades, Até em breve, Forte abraço, Um beijo, etc.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 25/09/2013
Reeditado em 12/06/2014
Código do texto: T4497270
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