Toda a verdade sobre o pai da criança!

Quero de uma vez por todas, trazer a luz a verdade sobre o inusitado personagem que habita, ou habitava, o Museu Oceanográfico da nossa Cidade do Rio Grande. Refiro-me aquele estranho peixe com cara de gente que apareceu por lá e foi exposto com óculos e tudo o mais. Dizem que foi pescado em algum lugar da nossa costa, nas proximidades do Cassino ou na Lagoa dos Patos, mas a procedência do bicho é incerta e não sabida. Incerta também é a sua paternidade, que o cronista Kledir Ramil, em livro de sua autoria (Tipo assim...), atribui ao meu pai, talvez pela semelhança dos óculos do bicho, com aqueles que o meu genitor usava. Em correspondência por mim enviada ao cronista, neguei o fato, o que desencadeou uma troca de mensagens, num mutirão em busca da verdade. Mas... Vamos ao que interessa: o pai não gostava de praia , nunca foi pescador e nem sabia nadar. Adiantei ao Kledir que sempre tive outros suspeitos, sendo que o mais provável candidato foi um ilustre morador de Pelotas , já falecido. Trata-se do Bispo Dom Antônio, personagem famoso na zona sul do estado do Rio Grande do Sul, e que dizem ter passado em revista diversas senhoras da alta sociedade pelotense, segundo os fofoqueiros de ambos os lados do Canal do São Gonçalo, mas é claro que istó é só fofoca. Mas, segundo informação do próprio Kledir, ilustre morador de Pelotas, e sabedor das coisas do outro lado do São Gonçalo,o carro do Bispo era um modelo “rabo de peixe”!!! Sem nenhuma dúvida, esta é uma evidência e tanto e desperta fortes suspeitas sobre o verdadeiro autor do delito, inocentando definitivamente o meu pai de tão escabroso fato. Além disso, o bardo pelotense confirma que o Bispo também usava óculos parecidos. Longe de mim querer incriminar o Santo Homem, mas que as evidências são fortes, são... Nunca se sabe o que pode aparecer por debaixo da batina, digo por debaixo dos panos... Agora, mais do que nunca, a verdade tem que aparecer. Sei que a investigação de paternidade vai causar uma verdadeira comoção social, mas é imprescindível que se saiba já como aconteceu o zoofílico crime. Procurem-se as testemunhas e juntem-se as provas, doa a quem doer. O Kledir acha melhor que se aproveite o avanço das pesquisas genéticas e se faça logo o teste de DNA no tal peixe ou "sereio", com o que concordo, desde que a Diocese de Pelotas pague. Pelas últimas informações obtidas, parece que o estranho personagem desapareceu do Museu, o que me leva a acreditar na existência de uma grande conspiração em andamento para evitar que a verdade apareça. Por isso, peço ás forças vivas da nossa sociedade que se manifestem contra tal situação e que um rigoroso inquérito aconteça para que se saiba que fim levou o espécime e por que motivo desapareceu. Onde estão os óculos? Quem consumiu com o bicho? A quem interessa o desaparecimento? Não tenho dúvida alguma de que poderosos interesses estão em jogo nesta intrincada trama. Este mistério, o da verdadeira identidade do pai da criança, precisa ser solucionado com rapidez, afim de que o verdadeiro autor seja responsabilizado e as coisas voltem ao normal. Também tenho outros suspeitos menos votados, que no momento oportuno revelarei, até para que se manifestem á respeito e apresentem a defesa á que tem direito. Não pensem que descansaremos. Estamos alertas e prontos para o que der e vier. Afinal, o bicho não pode ficar por aí, sem pai nem mãe. Olha só: vamos ter que abrir outra investigação, pois também não se sabe quem foi a mãe da criança !!! Com a palavra o Kledir, que foi quem começou toda esta zoológica confusão! Acho bom ele descobrir logo alguma resposta, pois a coisa tá ficando chata...