Na torcida da roupa é que se conhece a habilidade de uma boa lavadora (ou lavadeira), me disse uma vez minha mãe, quando tentava me ensinar a lavar roupas.

- Todas as etapas da lavagem são importantes e, quanto mais cedo você aprender a fazê-las direito, menos sofrimento você terá.

- Mãe, já entendi que primeiro devo ensaboar, deixar de molho, esfregar e enxaguar bem, mas torcer também há uma maneira mais correta? Não sei porque você segura a roupa com as mãos invertidas, não seria mais prático torcê-la como fazem os homens? Segura uma ponta da roupa com a mão direita e a outra com a mão esquerda,  assim, e simplesmente torce. Não sei porque você não aprende com eles. (ai, a lembrança desse dia me arde!)

- Fia, os homens torcem da maneira que torcem porque tem mais força que nós, e também porque não fazem isso todos os dias. Se fizessem, veriam que as mãos cruzadas evitam esforço desnecessário dos punhos.  A gente tem de aprender a lidar com a força que tem.

Sempre torci para que ela estivesse errada. Só que não. Durante bons anos da minha vida torci roupas como homem. Achava que ele era mais esperto que a mulher em tudo e quis torcer a roupa do mundo feito um. Hoje, que trago os punhos do prumo abertos, é que vejo que ela tinha razão. Ah! Pudesse voltar no tempo e, sem mudar nada, exceto a minha rebeldia imbecil, teria aprendido tantas outras coisas simples e verdadeiras com ela! Só que não.

E fico aqui, na torcida para que alguma coisa do que eu disse faça sentido para homens e mulheres, e pais e filhos. 






Este texto faz parte do Exercícios Criativos do site Encanto das Letras
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