Há situações em que ser criança dói?

“Ser criança não deveria doer”, mas infelizmente, é essa dor demente que muitas vezes impulsiona a violência no mundo adulto.

Quantos depoimentos ouvimos de homens e mulheres de que suas conturbações mentais decorrem de males sofridos pela violência doméstica quando foram crianças ou adolescentes.

O lar deveria ser para as crianças o centro e o núcleo de proteção, porém em muitas famílias é a origem de agressões, devido às dificuldades cotidianas; pobreza; separações conjugais, crises financeiras; características individuais; influências familiares ou ainda aspectos sociais e culturais.

Há como mensurar ou justificar atos de violência contra seres indefesos que deveriam gozar de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, para se desenvolverem física, mental e moralmente?

O artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei Federal 8.069/90) dispõe que: "Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais", mas, cotidianamente, nos deparamos com situações que nos permitem a reflexão de que, os métodos de prevenção e repressão não têm se mostrado suficientemente eficazes. devem ser trabalhadas. Vítimas se calam, agressores resfolegam diante da ignorância, e assim a sociedade se omite na catarse humana.

Não basta a purgação moral de nossos sentimentos! Como agentes modificadores, nós, educadores, devemos estimular mudanças de mentalidade, por meio do desenvolvimento, disponibilização e divulgação de indicadores que sensibilizem a sociedade por um todo.

É nessa perspectiva que, como exercício de cidadania, temos que fazer prevalecer os direitos humanos das nossas crianças. Com engajamento e disposição seremos co-partícipes na mudança da história de violência doméstica contra crianças e adolescentes, seja ela física, psicológica, fatal, enquanto negligência ou sexual.

Joísia Góes/2013