O Segredo do Cipreste

 
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Existe um velho cipreste no meu jardim. Na verdade, foi ele uma das coisas que mais me atraíram neste terreno, desde a primeira vez que olhei para esta casa, há doze anos. Apaixonei-me pelos passarinhos que estavam pousados em seus galhos, e visualizei uma linda árvore de natal enfeitada e cheia de luzes - projeto que, infelizmente, nunca pus em prática... mas ainda há tempo.
 
Percebi há algum tempo, que está crescendo um musgo esbranquiçado pela sua casca. Geralmente, esse musgo começa a aparecer no inverno, e no verão, ele some quase totalmente. Mas algumas árvores não conseguem resistir, e acabam morrendo, ou perdendo muitos galhos, que caem sobre o gramado, totalmente apodrecidos.
 
Mas o cipreste resiste, e continua resistindo, há muitos e muitos anos. Ele é ainda mais antigo que esta casa, e dizem, foi plantado por Carlos Prestes (não sei se essa história é verdadeira, mas foi o que a antiga proprietária da casa, já falecida, contou-nos).
 
 
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Ontem eu estava no jardim, quando de repente olhei para o tronco coberto de musgo e resolvi chegar mais perto para ver melhor, e descobrir o segredo do cipreste. Passei as mãos pelo musgo ressecado e esbranquiçado, e um pedaço da casca do tronco soltou-se. Com a unha, comecei a remover pedaços de placa, e sob elas, encontrei uma nova madeira, marrom-escura e totalmente saudável! Continuei na minha atividade, e quando terminei, vi que por baixo do musgo, a árvore está intacta! O segredo do cipreste? Ele não absorve o musgo, nem tenta livrar-se dele. Simplesmente solta os pedaços de casca infectados, e assim, protege-se, renovando-se sempre.
 
 
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Pensei no quanto nos preocupamos em combater, brigar, desinfectar-nos de influências e pessoas negativas, quando tudo o que precisamos fazer, é soltar a casca e deixar crescer uma pele saudável. A superfície que tanto tentamos defender não é o que dá vida à árvore, é algo mais, é a seiva, que pode ficar muito bem protegida quando não a desperdiçamos com coisas, pensamentos e atitudes desnecessárias.
 
Olhei para os galhos mais altos do cedro, onde vários passarinhos estavam pousados tranquilamente. As folhas, muito verdes e saudáveis. Recolhi as cascas secas, e fui jogá-las no lixo.
 
 
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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 05/10/2013
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