Muitas vezes me indago qual minha relação com as letras. Procuro entender qual minha função enquanto escrevo sem saber o por que dessa minha necessidade de jogar no papel esse monte de letras sem nexo, sem nenhum valor literário. 
        Não sou poeta nem ao menos escritora. Desconheço métrica e rima. Perdoem-me os gramáticos, mas temo que para mim só serviriam de amarras. Na verdade tudo sai tão naturalmente, tão necessariamente que, quem sabe eu fosse uma poetisa não me ateria nas regras, nas rimas e métricas.
       Escrevo por escrever, sem compromisso com a gramática ou com quem quer que seja. Simplesmente escrevo. Simples assim. Sem rótulos, sem classificação, sem amarras, nem compromisso. O ato de escrever tornou-se uma válvula de escape, uma saída honrosa para os altos e baixos do dia-a-dia.
     Cato uma imagem aqui, um sentimento acolá, cato uma lembrança aqui, uma saudade acolá e vou agupando tudo, aninhando em frases, borrando páginas brancas, e tudo vira vida.
     Escrevo sem compromisso, dou-me ao luxo de esquecer meu passado político e falo de bobagens. Geralmente estou nos meus escritos, mesmo que seja de maneira tímida. Na verdade estou muito perto de mim, daí a razão de voltar tão frequentemente às minhas páginas. Sou eu a viajante ousada, a mulher apaixonada pela vida, a aprendiz de poeta, a desregrada que ousa viver além dos limites ditados pelo tempo, a que voa sempre que se sente presa. Tudo é possível. A liberdade é sem limites nas letras,
   Continuarei a escrever e a viver... Fazer o que? Sigo minha sina.