O Grand Canyon – Uma das dez maravilhas naturais do mundo

Por Mathias Gonzalez

Saindo de Las Vegas, no estado de Nevada, a viagem em minivan com outros 8 passageiros até o pequeno heliponto da Papillon, em Boulder City, durou apenas 25 minutos. Havia um ar de expectativa em todos nós, ansiosos por aquele grande momento de nossas vidas: conhecer uma das dez maravilhas naturais do mundo, o Grand Canyon, o maior e mais profundo desfiladeiro do planeta, que ocupa uma área de 5 mil quilômetros quadrados (aproximadamente a mesma área territorial de Brasília), situado nos estados de Nevada e Arizona no Estados Unidos.

Após o check-in para a identificação de todos os passageiros, aguardamos a chamada para embarcar no pequeno helicóptero com capacidade para sete pessoas, incluindo o piloto. A atendente nos informou que devido às condições climáticas o itinerário previsto poderia não ser cumprido, o que nos daria direito a reembolso total ou parcial, se desejássemos.

De fato, no dia anterior havia chovido em Las Vegas e notava-se ainda muitas nuvens escuras no céu, empanando o dia. Torcíamos para que o sol se abrisse e pudéssemos voar em segurança até nosso destino programado.

Finalmente, nossos nomes foram chamados e o piloto, um jovem Texano com pouco mais de 25 anos, muito simpático, nos explicou o trajeto que faríamos, os cuidados com a segurança, colocação de cinto, fones de ouvido e uso de bolsa salva-vidas, a qual deveria ser colocada em nossa cintura para o caso de pouso de emergência sobre a água. Afinal, iríamos sobrevoar uma grande área sobre a represa Hoover e o famoso rio Colorado, cenários de muitos filmes de cowboy que vi na adolescência.

Instalados em nossas poltronas dentro do pequeno pássaro vermelho, testamos nossos microfones de comunicação com o piloto e este deu partida na aeronave. Para quem nunca viajou de helicóptero, explico que é uma sensação incomparável. Nada próximo dos aviões que disparam por uma pista e depois ganham o céu. Nada disso. O helicóptero é como um delicado beija-flor que abre suas asinhas e suavemente ganha altura verticalmente partindo para onde desejar. Voa para frente, para trás, fica parado no espaço e pousa praticamente em qualquer lugar. É o mais perfeito meio de locomoção inventado pelo ser humano, na minha opinião.

Aos poucos fomos deixando o mundo dos caminhantes lá embaixo. Do alto, víamos a auto-estrada pontilhada de veículos, a famosa Route 66, que corta metade do território americano, indo de Chicago a Los Angeles, passando por Las Vegas. Um cenário de filme.

À medida em que nosso pássaro-vermelho levitava, as montanhas nuas de vegetação foram se descortinando aos nossos olhos. Ao longe, fomos percebendo o serpenteado do rio Colorado por entre as montanhas, que logo mais abaixo forma um imenso lago cristalino e dá origem à represa Hoover, a maior do estado de Nevada e que abastece as cidades próximas. O piloto deu informações sobre a construção da barragem e sua importância estratégica para a região desértica. Sem ela seria impossível a vida florescer ali.

Além do zumbido das hélices do helicóptero, só se ouvia o clicar das câmeras fotográficas apontadas em todas as direções. Tive sorte de ficar na janela direita e assim pude registrar o que desejei, sem perder um detalhe importante.

Trinta minutos depois da decolagem o piloto informou que logo poderíamos ver o início do Parque Nacional do Grand Canyon e apontou para a montanhas Grapevine Mesa e Grand Wash Cliffs, que abrangem mais de 25 quilômetros de extensão. Mais à direita, ao sul do parque, sobrevoamos o vulcão Black Mountain, que está extinto há milhares de anos. O piloto brincou dizendo que teríamos muita sorte se o gigante adormecido resolvesse acordar bem naquele dia, depois de termos passado por ele, é claro.

Finalmente, o Grand Canyon começou a aparecer. A sensação que temos ao vê-lo é que um costureiro caprichoso tomou nas mãos lençóis gigantescos de camadas da terra e os dobrou cuidadosamente, para formar franjas e recortes de infinitas cores, tamanhos e formatos que se espalham a perder de vista, criando um espetáculo inacreditável: uma das dez maravilhas naturais do mundo, formada há dois bilhões de anos.

Os nossos olhos não nos davam conta daquela imensidão. Quanto mais voávamos na direção do Canyon, mais descortinávamos paisagens sublimes. A impressão era que natureza havia pintado numa tela gigantesca, tudo aquilo em um fundo falso, para nos causar espanto e deslumbramento. Ali, o grandioso vale era o limite.

Para completar a paisagem digna de um quadro de Da Vinci, a aeronave sobrevoou o rio Colorado com seus trinta metros de largura, quase 500 quilômetros de extensão e locais com quase dois quilômetros de profundidade - informou-nos o guia-piloto, preenchendo a nossa curiosidade. Ele também disse que aquela região pertencia aos Índios Hualapai e ainda é considerado sagrado por eles. Lamentou que, dos milhares de nativos existentes no começo do século XIX, havia agora pouco menos de dois mil membros daquela etnia.

Foram mais de vinte minutos de puro enlevo e contemplação sobrevoando o gigantesco vale de cores vibrantes produzidas pela natureza e que mudam de acordo com a hora do dia, tudo pedindo para ser capturado pelas câmeras fotográficas ou guardadas como lembrança no coração, morada viva das emoções.

O piloto pousou suavemente no local denominado Eagle Point (Ponto da Águia) uma homenagem à figura de uma enorme águia esculpida naturalmente pela erosão dos ventos em uma montanha no lado leste do Canyon. Um guia americano de Iwoa, bigodudo, grandalhão, sorridente e conversador nos levou até o Skywalk, onde uma fila de turistas aguardavam ansiosos para subirem na imensa plataforma de vidro pendurada sob o abismo de dois mil metros de profundidade. Segundo o guia, o assoalho de vidro é capaz de suportar o peso de 100 elefantes adultos de uma só vez. Um assombro da tecnologia americana tentando impressionar o majestoso vale. Ambos impressionam de verdade.

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Liderados pelo guia, furamos a fila e chegamos até ao Skywalk (para desgosto dos demais turistas que teriam que esperar a vez), afinal, havíamos pago um passeio VIP, com esse direito (estava no contrato que firmamos), qualquer um poderia ter o mesmo privilégio desde que pagasse o valor do pacote.

Um índio da etnia Hualapai, de cara redonda e pele bronzeada, foi o nosso fotógrafo. Não parecia muito contente com aquele trabalho pois fazia esforço para sorrir e não se parecia em nada com os outros fotógrafos não-índios que lá estavam. Seja como for, ele fazia parte da cota e tinha que, querendo ou não, cumprir o seu papel. Durou poucos minutos a caminhada sobre o vidro, que na ocasião estava parcialmente coberto com um tapete de plástico devido a chuva do dia anterior. Uma proteção necessária para evitar acidentes. Valeu a pena ter estado lá fazendo a famosa e pequena trilha no céu do Canyon.

Depois da insólita caminhada ficamos livres para fotos pela borda do penhasco e eu aproveitei para fazer uma meditação simbólica pela paz no mundo, pelas pessoas do bem que querem preservar seja aonde for o patrimônio natural da humanidade. Tive ainda a oportunidade de visitar um conjunto de tabas indígenas existente na localidade, tirei algumas fotos e logo regressamos de carro ao Eagle Point para pegar o pássaro-vermelho de volta a Las Vegas.

Voltamos em silêncio. Um silêncio de respeito, admiração e encantamento. Quase nem ouvimos as últimas informações do jovem piloto falando sobre um projeto agroindustrial fracassado que pretendia tornar a região habitável e produtiva. Do alto, podiam-se ver centenas de glebas vazias, demarcadas por uma extensa área, perdidas na poeira do tempo. Sonho fútil dos homens.

Em perfeita segurança chegamos ao nosso ponto de partida e suavemente pousamos no heliponto da Papillon. “Missão cumprida”, disse-nos o piloto apertando as nossas mãos em despedida.

O Grand Canyon não havia ficado para trás quando regressamos aos nossos hotéis em Las Vegas. Cada um de nós trouxe um pedaço dele conosco, por meio de vídeos, fotos e lembranças inesquecíveis... as nuvens pairando sobre o vale, o rio silencioso escorregando por entre as montanhas, o multicolorido das rochas refletindo a luz solar, a imponência das escarpas sobre os abismos lembrando-nos do quanto somos pequenos e do quanto somos responsáveis pela preservação de tudo o que recebemos como dádiva da Mãe-Natureza. Antes de existirmos o Grande Canyon já estava ali, mas faltavam olhos, mentes e corações para apreciá-lo. De que serviriam se não fosse pelo pasmo do nosso olhar de quem admira e ama o belo. Lá não havia relva, nem árvores, nem flores, mas havia a pureza do ar puro dos espaços vazios sem poluição. Havia a música solene do silêncio de quem escuta o inexprimível da Vida e sabe amá-la sem pudores nas suas múltiplas manifestações.

PARA QUEM DESEJAR VER FOTOS E UM VÍDEO DA MINHA VIAGEM EIS O ENDEREÇO ABAIXO. ESPERO QUE APRECIEM A VIAGEM.

http://www.youtube.com/watch?v=dWh3jJuPgyw

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Mathias Gonzalez
Enviado por Mathias Gonzalez em 24/10/2013
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