Estado de coma

“Então se levantou, entrou na casa, e derramou o azeite sobre a sua cabeça, e disse: Assim diz o Senhor Deus de Israel: Ungi-te rei sobre o povo do Senhor, sobre Israel. E ferirás a casa de Acabe, teu senhor, para que eu vingue o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor, da mão de Jezabel.” II Rs 9; 6 e 7

Duas coisas “excêntricas” desfilam por ocasião de unção de Jeú como rei em Israel; Primeiro: Foi uma quebra de protocolo da parte de Deus. Normalmente o reino era transmitido de modo hereditário; um filho de rei, portanto, príncipe, normalmente primogênito sucedia ao pai no trono. Contudo, Jeú era um capitão do exército e foi ungido exatamente quando estava no front. Segundo: Ele foi escolhido com uma missão específica de praticar o juízo de Deus contra a apóstata casa de Acabe que fizera instituir a idolatria em toda nação. Assim, Jeú “furou a fila”, e foi escolhido para matar.

Nesses dias tenebrosos em que vagabundos desfrutam mais direitos que cidadãos, e qualquer ínfimo indício de autoridade é escorraçado com a pecha de “reacionário” cabem algumas reflexões. Que Estado é esse que desconhece as leis que ele próprio promulga e ainda quer anular a Lei de Newton, da ação e reação. Quem disse que reagir quando necessário é algo vergonhoso? Não era, antes, a passiva tolerância aos maus depreciada como se alguém tivesse “sangue de barata”. Se as leis representam um pacto que contempla a vontade da maioria absoluta dos cidadãos, quem disse que uma súcia de terroristas abostados está acima delas? Que civilização é essa que “dialoga” na porrada, e quando fala, digo, grunhe, o faz desqualificando quem pensa diverso ao invés de defender argumentos?

Esse Estado bastardo e pusilânime onde marginais agridem policiais impunemente, com a silenciosa omissão de quem deveria exercer a autoridade para a qual foi comissionado está pondo em risco toda a ordem social, ameaçando conquistas que duraram décadas e demandaram muito sangue.

O que querem esses párias? O anarquismo? Dê-se-lhes uma semana, numa cidade como São Paulo, sem nenhuma instituição de governo, e a barbárie será tal, que suplicarão pelo exército, não pela polícia. O Socialismo? Em tal sistema o “cidadão” não passa de gado do Estado, que se adona de tudo, e tolhe o pensamento livre; é isso que buscam? Ou, quiçá, já que são rebeldes organizados e bem nutridos, estão a serviço de alguma corrente ideológica à qual interessa essa desordem sistêmica que silencia o protesto dos veros cidadãos, por temor a esses bandidos.

Ora, mil vezes um estado reacionário que pusilânime; certa violência fardada pela manutenção da ordem, que a violência mascarada, pela perpetração da desordem.

Segundo a Bíblia, o violento deve sofrer as consequências para que seu próprio agir descubra o antídoto; “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Pv 19; 19 Afinal, o Estado democrático possui meios legais para coibir, eventualmente, punir erros ou excessos da polícia. Mas, e os crimes de tais “cidadãos”, como ficam? Se a causa for tachada de social justifica a tudo?

Na verdade a Bíblia é ainda mais específica sobre a relação com as autoridades; “…quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.” Rom 13; 2 a 4 Quando diz que a autoridade é um ministro de Deus, não significa que pessoalmente tenha compromisso com Ele; mas, que funcionalmente O representa.

Assim, o Estado que Deus preceitua deve reverenciar às autoridades; mas vemos no nosso existenciário um Estado que até Deus duvida. O risco de deixar essa marginalha brincando de zombar dos cidadãos e das leis, é uma nova “quebra de protocolo” buscando um “Rei” entre os militares. A liberdade de porre, o preocupante silêncio dos bons, desconstrói valores pétreos e sonega a necessária responsabilidade que deve ladear a liberdade civil.

Segundo o “Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry “os baobás devem ser arrancados ainda pequenos, senão racham o planeta”; igualmente perniciosas são as sementes do fascismo, do totalitarismo que vêm sendo regadas com águas da omissão oficial. Quem não quer fazer o que deve quando pode, acabará não podendo quando quiser; por ora, nossas autoridades não querem.