Viver, viver e para sempre.

Quem nunca sonhou com a morte, ou pelo menos com a sensação de estar morrendo, caindo de um edifício ou até mesmo de assistir uma morte? É, sem sombra de dúvida e, no mínimo, amedrontador, como uma dor muito penetrante.

Sonhos recorrentes, não culpo os medicamentos, mas o cotidiano, frívolo e incrédulo. Uma máquina à vapor. Um trem em alta velocidade que não pára jamais. Não existem estações e muito menos assentos para eu me sentar.

É corrido, veloz meu dia, assim como o seu! Vou e volto, vou e volto, vou e volto e infinitamente. É como um estandarte a ser preparado para ser apresentado em seguida, nervoso e aflito. Suo como jamais suara antes, padeço em emoções passageiras e desmantelo-me em ardilosas discussões corriqueiras.

Fanático por abstratismo, por volubilidade da vida, por tipos surrealistas e figuras excêntricas. Sonho em poder ver-me publicando um romance em uma livraria, sonho com diversas coisas. Não tenho hora marcada para sofrer, sorvo com qualidade a alegria alheia, todos os dias, com sorriso esboçado permanente como um jóquer em dias de espetáculo para dar alegria.

Não temo em alegrar o próximo, mas em perdê-lo para sempre, em desapontá-lo. Tenho medo do julgamento dos terceiros, dos olhares oblíquos e desiguais aos quais estou acostumado.

Portanto vivo. Vivo de fato, as veredas que me permito. Escuras, porém com lastros cintilantes que ora luzem e ora afagam minhas coxas, para cair e depois levantar e para sempre viver, para sempre.

Nathus
Enviado por Nathus em 29/10/2013
Código do texto: T4547713
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