ACASO....SERÁ?

ACASO? COINCIDÊNCIA?

Era manhã de verão. Crianças brincavam animadamente na piscina. O sol estava a pino o que fazia acontecer uma grande sombra sob o jequitibá no quintal, como acontece nas manhãs de Setembro. O calor era escaldante. As crianças procuravam o local mais fresco sobre as folhas da grande árvore centenária mantida ali pelo pai de Mariana. Ouviam o cantar dos pássaros que se achegavam desconfiados pela algazarra provocada pelos presentes e pousavam nos gastos galhos da árvore pela repetida ação dos passarinhos.

No fim do dia, Mariana recolhia os pertences que os descuidados deixavam ficar, esquecidos, no grande gramado verde que rodeava a casa, tamanha a pressa para se refestelarem no lanche que Gerusa preparava.

Roupas de banho de todos os tamanhos e cores eram recolhidas.

Guaraná com batata frita era servido aos pequeninos, enquanto os adultos preferiam café com bolo de fubá feito pela cozinheira, que na véspera, preparava os ingredientes comprados no armazém do Seu José, na esquina, bem perto de casa. O cheiro que vinha da cozinha era extremamente agradável aguçando ainda mais o apetite, visto o grau da fome provocada pela energia gasta ao longo do animado dia. Dentre os pertences recolhidos sobressaía uma toalha de banho com nome masculino escrito na borda e com acabamento feito a mão, dessas compradas em loja de artesanato. Mariana com a toalha em punho procurava inutilmente o suposto possuidor do acessório banhista, somente desistindo quando todos os recursos na busca do esquecedor foram esgotados, se bem que não se lembrava de nenhum presente ou mesmo conhecido que atendesse pelo escrito na toalha.

Tentativas inúteis.

A revelia do dono houve desistência da busca.

O dia se foi e os anos também. A toalha fora esquecida no fundo da gaveta e ás vezes chegava a incomodar Mariana que ao remexer na cômoda em dia de arrumação sem querer esbarrava. Se lembrava do acontecido e questionava “Quem seria a pessoa com o nome escrito na toalha”? Na sua família, salvo falha memória, não se lembrava de nenhum primo ou parente chamado Roberto.

Novamente o esquecimento.

Anos a fio se passaram.

A vibração do celular a traz pra realidade, agora bem distante daquele dia de domingo ensolarado.

Mensagem de texto chegando a avisa “chego no domingo”.

-Como assim? Vem no domingo?

Mariana responde imediatamente a mensagem que Roberto lhe enviara comunicando com determinação a sua chegada no próximo domingo. Determinação, posteriormente confirmada por gestos e afirmações mostrando ser prima característica de sua formação, além da extrema meiguice que parafusava a primeira. Características paradoxais, porém, em perfeita harmonia, em se tratando de Roberto.

Roberto havia lhe abordado uma semana antes quando Mariana retornava do trabalho e agora após alguns telefonemas lhe comunicava que a visitaria.

O vibrar do telefone lhe anuncia a chegada de outra mensagem. Nesta diz: -Estou indo e nem toalha vou levar.

Mariana ficou apavorada e sentiu a necessidade de uma chuveirada para refrescar-lhe a cabeça e relaxar os músculos que insistiam em tremular mesmo contra a sua vontade. Dirige-se a gaveta em busca de algo par secar haja vista a retirada de todas as toalhas na parte da manhã para remetê-las a lavanderia.

Sem muita atenção puxa a que está do lado direito da gaveta.

Depois de demorado banho alcança a toalha, já se sentindo relaxada. Neste momento avista, com enorme espanto, as letras garrafais refletidas no espelho do banheiro. Acabava de encontrar o dono da toalha. O nome que o espelho refletia era nada mais, nada menos que

R O B E R T O.

Acaso?

“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vâ filosofia.” Já dizia o filósofo.

Mariana Quintanilha
Enviado por Mariana Quintanilha em 30/10/2013
Reeditado em 30/10/2013
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