DECISÃO TOMADA

As horas passam devagar, como em sala de espera de algum médico que insiste em marcar dúzias de consultas para o mesmo horário fazendo as pessoas esperarem indefinidamente a sua vez. Mariana espera ansiosamente um telefonema. Aquele número era de exclusividade de Homero, alias , não sabia o “porquê” de não passar o telefone pra ninguém, talvez não quisesse confundir a chamada, Assim que o telefone tocasse só poderia ser Homero, não correria nenhum risco de atender outra pessoa. Afinal, este era o objetivo. Não tinha o menor ânimo de falar com quer que fosse.

As portas brancas todas estavam fechadas, no interior das salas barulho de vozes, animadas, alheias ao problema de Mariana que hoje se mantinha quieta e absorta em seus pensamentos. Em todas as portas havia alguma coisa escrita em placas de um prata metálico e letras pequenas que Mariana sequer se esforçava para ler, visto a ansiedade que tomava conta dela contrariando a indiferença com o mundo real. O corredor imenso imitava um túnel com lâmpadas reluzentes que provinham de vários orifícios localizados no teto de sanca, rebaixado com placas de gesso formando desenhos em estilo colonial comuns em casas antigas adaptadas a salas com atendimento ao público. Mariana, neste dia, parecia ter vindo de outra dimensão,onde as aflições terrenas não pudessem interferir em sua pacata vida que se resumia de casa para o trabalho e do trabalho pra casa. Já se acostumara com a rotina e se fechava em um casulo como que na defensiva para não ser incomodada pelos tropeços da vida.

A campainha do telefone lhe remete a realidade e a avisa `”Peraí “. Preciso falar com VOCÊ!!

O que a aguarda?

No dia anterior uma foto postada no "face book" , foi o pivô de toda a discórdia. Homero estava ao lado de uma branquela que Mariana apelidou de “bicho de goiaba”.

Mariana ferida em seus sentimentos de respeito e lealdade, achou-se no direito de usar a famosa frase "quem com ferro fere, com ferro será ferido..... sentimentos podres dos seres humanos.

Estava agora arrependida de ter postado a foto em contrapartida ao desaforo que imaginava ser vítima.

Havia dormido cedo na noite anterior tentando esquecer que a vida não pode ser planejada e tampouco existem ensaios. A peça teatral tem que ser representada ao vivo.

A dor de cabeça havia desaparecido, somente uma leve tontura a acompanhava desde o romper da aurora, conseqüência dos sedativos que usou para dormir.

Saúde já não possuía para começar novo relacionamento e ainda mais, neste contexto de conturbação.

Já havia decidido que continuaria com sua vidinha medíocre, quando de repente toca seu telefone e Homero com seu vozeirão de locutor de rádio lhe explica o ocorrido . Mariana sem forças para sequer proferir uma palavra....apenas concorda com Homero.... Faça o que achar melhor.... Estou de boa!!!!

A voz de Homero a traz de volta a realidade. Percebe que está em seu local de trabalho e conclui então que já não é mais dona da situação. Sabe que não vai conseguir manter a decisão da noite anterior que a perseguiu até minutos atrás. E como diria Dona Beatriz: Deus é muito justo ninguém tem sossego e que Ele ajude Mariana!!!!!

Mariana Quintanilha
Enviado por Mariana Quintanilha em 05/11/2013
Reeditado em 05/11/2013
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