SE APAIXONANDO EM CINCO, QUATRO...
Corramos todos. Antecipemos os afazeres, a louça pra lavar, os estudos, as aulas de piano. Eduque-se quem puder! Finalizemos logo o Candy Crush e aprendamos o que quisermos- e rápido! Por fim, terminemos logo de ver Friends, pois ela está aí fora, à nossa espreita. Ela 'acontece' (e a gente sabe que sim...).
Depois dela, ah, meus amigos e minhas amigas, nada mais é garantido. Nenhum outro fim e nenhum outro começo de mais nada é certeza em nossas vidas depois que a paixão nos acomete...
De novo, de novo e mais uma vez. Ela, sempre iminente e sorrateira, se viraliza. Aí, não tem jeito: abobalhamento instantâneo, perda de concentração, de memória, de sono, de interesse em outro assunto que não seja a própria – aquela que 'acontece'.
Pior é que não há medicina preventiva ou curativa que não sejam as naturais: deixe o tempo passar e, se tiver a chance, viva-a. Entretanto, ressalto, mesmo no caso de não poder vivê-la plenamente, não tente evitá-la: pense mesmo. Sem pudor.
Essa última recomendação, lá bem sei que não requer ser receitada, pois é o que se faz, quer nos faça bem ou mal. Não importa. Ela, a paixão, é, em si, cura e causa.
É a criança mimada dos sentimentos. Aquela que se deita no chão da loja e ameaça só se levantar de lá se a mãe comprar o brinquedo desejado.
Pais e mães se têm ciúmes. Querem que o filho e a filha se formem primeiro, porque sabem que depois que ela chega, a razão se esvai um tanto e a noção de tempo muda.
E, sim, meus caros e minhas caras, não há nada que eu escreva sobre ela que não tenha por destino ser ditado pelos seus próprios sentidos. Por isso, enquanto escritora, quase me frustro. E quase me aproveito.
Então, antes que 'aconteça' (de novo), corramos com essa faculdade, com esse livro, com essa cerveja com os amigos, porque depois...ah...somos dela, inteiramente. A qualquer momento. No meio desse texto...antes da próxima frase.